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A banda Audac nunca se importou exatamente com os reflexos de seu universo musical: eles são estranhos, densos, excêntricos e, sobretudo, de uma escuridão não-triste, como um poema de Robert Frost.

E, em certa medida, foi isso que o público presente no Palco Ruínas pode presenciar, em uma apresentação rápida e repleta de elementos pitorescos.

Na seara do indefinível, o show, que, como não podia deixar de ser, atrasou em 40 minutos, ofereceu um trabalho de iluminação pra lá de bizarro, alternando todos os tons de arco-íris em velocidades ainda mais indecifráveis.

Um senhor possivelmente bêbado começou, inclusive, a plantar uma bananeira quando a luz roxa se agigantou em seu corpo. Em outro momento marcante, um balão gigante de uma das patrocinadoras do evento, que aparentemente caiu da estrutura aérea, fez a festa do pessoal que fumava substâncias de forte aroma.

Enquanto a banda tocava, muitos torciam de modo um tanto alucinando para o que objeto esférico gigante chegasse até os seus domínios. Foi comovente às avessas.

À margem das peculiaridades, o show teve alguns problemas técnicos no início, mas logo a Audac se afinou e trouxe seu repertório de referências dark side of the moon, com destaque para a feérica e belíssima "Distress" e a intensa "Back To The Future", ambas já conhecidas no circuito musical da cidade.

O que o grupo propõe é, de fato, realmente singular, como se uma colagem de Kraftwerk, Joy Division e a 1ª fase do Depeche Mode, sem esquecer as notas frias de Curitiba.

Pode ser que o palco não tenha auxiliado a Audac a conduzir seu universo a tudo aquilo que ele pode. Ainda assim, a banda da encantadora Alyssa Aquino, que canta com um intimismo e uma delicadeza arrebatadora, é, sim, à parte de tudo o que anda sendo produzido na cidade, acima dos balões e dos iluminadores de palco. Além de honestamente denso e significante.

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