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Uma estrela acaba de nascer no cinema brasileiro. Aos 25 anos, a pernambucana, dona de hipnotizantes olhos verdes e uma timidez sedutora, Hermila Guedes vem recebendo elogios unânimes por sua atuação em O Céu de Suely, segundo longa-metragem do cineasta cearense Karim Aïnouz, de Madame Satã.

Da noite para o dia, de ilustre desconhecida passou a ser vista como uma das apostas de sua geração, com direito ao merecido prêmio de melhor atuação feminina no Festival do Rio e elogios da imprensa internacional, que a descobriu quando o filme foi exibido com sucesso na mostra Orizzonti, integrante da programação oficial de Veneza 2006.

Em entrevista concedida no sábado passado, um dia após a aplaudida primeira sessão de O Céu de Suely na 30.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Hermila disse ainda estar se acostumando com a atenção que vem recebendo. Confessa, um tanto encabulada, não ter nem a coragem nem a sexualidade explosiva de sua personagem, uma jovem do interior do Ceará que, depois de fugir com o namorado para São Paulo, retorna à cidade natal com um filho pequeno nos braços e o desejo de ser feliz na sua terra. A realidade, contudo, revela-se mais cruel e a personagem se vê forçada a rifar o próprio corpo para conseguir levantar o dinheiro para retornar ao sul do país.

Todos os personagens do filme de Aïnouz têm os nomes de seus atores. Com a Hermila da ficção, a bela pernambucana diz partilhar o gosto pela dança, o estar à vontade com o próprio corpo. "É algo muito importante para mim. Mas daí a ser vista como símbolo sexual já é outra história", afirma a atriz que, recentemente, apareceu nua em um sensualíssimo ensaio publicado na revista de moda, cultura e comportamento Key, editada pela jornalista Érika Palomino.

Antes de O Céu de Suely, Hermila havia participado de outro longa, Cinema, Aspirinas e Urubus, filme de seu conterrâneo Marcelo Gomes, selecionado para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de filme estrangeiro. A participação da atriz é pequena, porém marcante. Vive uma jovem que pega carona com os protagonistas (um deles vivido pelo baiano João Miguel, com quem também contracena em O Céu de Suely) e acaba tendo uma noite de amor com o projecionista alemão que viaja pelo sertão divulgando as pílulas milagrosas fabricadas pela Bayer.

Lingüística

Natural de Cabrobó, pequena cidade do interior de Pernambuco, Hermila vive desde a infância em Olinda. Foi lá que, aos 16 anos, começou a atuar meio de brincadeira. "Tinha um vizinho, João Ferreira, que produz e dirige peças de teatro, e ele me convidou para participar de uma montagem", conta. Assim, em 1999, Hermila subiu aos palcos pela primeira vez, no espetáculo A Duquesa dos Cajus. Desde então, participou de várias outras peças, atuou em curta-metragens e vídeos no Recife, mas, por muito tempo, hesitou em admitir para si mesma que queria mesmo ser atriz profissional. Estudante de Letras, apaixonou-se por Lingüística e cogitou abandonar tudo para se tornar professora e pesquisadora.

O Céu de Suely, que estréia 17 de novembro em circuito nacional, pode ser responsável pelo arquivamento definitivo desses planos. Sondada para outros projetos, sobre os quais prefere não falar ainda, Hermila admite que nada será como antes a partir de agora. Sorte nossa.

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