• Carregando...

Começa com um círculo e depois divide-se ao meio para saber onde devem ficar os olhos, o nariz e a boca. Em seguida, vêm o corpo e as roupas, que na maioria das vezes são coladas ao corpo mostrando uma certa sensualidade. Para completar o desenho, é preciso colocar o cabelo. Com dois ou três personagens prontos, eles simplesmente "saem na porrada". São socos e chutes para todos os lados, sem um motivo aparente. Era assim que o estudante Bruno Stroka, 14 anos, criava suas histórias em quadrinhos. "Desenho desde pequeno e não tenho dificuldade em transpor para o papel os guerreiros que povoam minha imaginação", comenta, lembrando que sua principal dificuldade é criar as histórias dos personagens.

Imaginar um roteiro completo e interessante é apenas um dos desafios para os criadores de histórias em quadrinhos, ou simplesmente HQs. É preciso colocar toda a narração dentro de pequenos quadrinhos e expressar falas, idéias, pensamentos e até sonhos dentro de balões. Deixar a história atrativa em uma época em que videogames e animações disputam a atenção das crianças e dos jovens, é um grande obstáculo.

Bruno aprendeu a desenhar copiando os gibis que lia e agora já tem seus próprios personagens. O estudante pensa em transformar o desenho em profissão, com apoio dos pais. O curso que vai seguir na faculdade ainda não decidiu, mas tem certeza que será relacionado a artes.

O cobrador Mateus Júnior, 25 anos, também procurou um curso de histórias em quadrinhos para aperfeiçoar seus traços e desenvolver melhor os enredos. Ele lembra que um bom quadrinho tem de casar um desenho bem feito e um roteiro bem elaborado. Mas, para o jovem quadrinista, criar histórias com continuidade era muito difícil antes das aulas.

Fazer de seu passatempo uma profissão também é o sonho de Júnior. A família apóia seu desejo de seguir uma carreira nas artes gráficas. O maior incentivo vem do pai, que também desenha e foi a grande inspiração do rapaz. Júnior prefere desenhar quadrinhos em preto-e-branco, baseado nas HQs dos anos 70, principalmente em histórias de terror.

Mas o universo das HQs não é exclusivamente masculino. Há uma grande legião de meninas que lêem mangás (os quadrinhos japoneses) e agora querem produzir suas próprias histórias. A estudante Patrícia dos Santos, 22 anos, é uma delas. Desenha desde os 12 anos e há um ano freqüenta um curso de histórias em quadrinhos voltado para o estilo japonês. Para ela, o desenho é uma forma de se expressar. "Eu sempre deixo um pouco de mim dentro das minhas histórias. É como fazer um grande diário sem palavras, apenas com desenhos". Para quem ficou com vontade de tentar se expressar dessa forma, só é preciso uma folha em branco.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]