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O “mutante” Peters (à direita) e o produtor Benatto: centenas de canções infantis | André Rodrigues / Gazeta do Povo
O “mutante” Peters (à direita) e o produtor Benatto: centenas de canções infantis| Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

400 mil cópias

É a estimativa de discos infantis da AudioPar distribuídos em projetos educacionais da Editora Positivo. Os discos chegam a estudantes de quase todos os estados brasileiros.

300 composições infantis

Contabiliza a dupla de músicos e produtores Henrique Peters e Alexandre Benatto. Muitas compostas sob encomenda para programas do Ministério da Educação.

25 discos

Com músicas e historinhas para crianças foram produzidos em Curitiba nos últimos 20 anos e distribuídos para a rede pública e privada de ensino.

Os números são de "gente grande". Mais de 400 mil cópias vendidas em todo o país. Mais de 30 discos e centenas de canções produzidas para crianças. Este é o saldo dos 20 anos de parceria entre os músicos e produtores Alexandre Benatto e Henrique Peters.

Desde meados dos anos 1990, a dupla criou, releu, interpretou, arranjou e gravou centenas de canções e histórias infantis para um público que vai "do maternal ao ensino médio".

O material foi produzido para projetos educacionais da Editora Positivo e foi distribuído a alunos das redes pública e privada de quase todos os estados brasileiros.

Diante do alcance e dimensão dos projetos, os parceiros sabem que seu trabalho pode ter influenciado a "musicalização" de duas gerações de brasileiros. "Pode ser", admite Peters.

As músicas são usadas em atividades de sala de aula em diversas disciplinas, como Português, Inglês, História... e, claro, Música. "A formação musical desperta um lado sensorial que ajuda na busca do equilíbrio. Mesmo que o cara não vire um músico, ajuda muito a enfrentar os desafios da vida", observa Peters.

A longa dobradinha, segundo Benatto, se sustenta na união de seu empreendedorismo com a musicalidade do parceiro. Peters é um músico experiente, fez parte de bandas curitibanas como Ipsis Literis e Black Maria.

Desde 2006. é integrante dos Mutantes, a lendária banda do rock nacional fundada nos anos 1960 pelos irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista e Rita Lee.

Benatto também foi integrante de grupos de rock e tem se dedicado à produção de conteúdo para o mercado editorial didático há mais de 20 anos.

Lacuna

A ideia de explorar o potencial da canção infantil surgiu quando Benatto percebeu uma "lacuna" no mercado no início da década de 1990.

"Havia as velhas cantigas do Braguinha e as experiências de compositores como Vinicius de Moraes ("A Arca de Noé"), Chico Buarque ("Os Saltimbancos") e até Raul Seixas ("Plunct, Plact, Zuuum") pelo gênero nos anos 1980", lembra.

Ele observou, no entanto, que essas músicas já não conversavam tão bem com o gosto do público infantil, já acostumado ao som de videogames e desenhos animados.

"O que nós fizemos foi aproveitar as novas possibilidades tecnológicas, fosse para criar canções ou para rearranjar as cantigas infantis tradicionais, tornando-as mais palatáveis aos ouvidos das crianças", conta.

Para dar roupagens mo­­dernas e ousadas às can­­­­ções novas e antigas, mú­­­si­cos locais de destaque, como Glauco Sölter e (o já falecido) Emerson Antoniacomi, foram chamados para as gravações.

Algumas vezes, composições e gravações aconteceram on-line, durante as turnês internacionais dos Mutantes. Peters pedia a colaboração de seus colegas, e mandava material da Europa ou dos Estados Unidos.

"Nós sempre aproveitamos as ondas da música pop. Se aquele fosse o verão do hip-hop, nós fazíamos um rap para ensinar às crianças a vantagem de comer verduras", diverte-se Peters.

O direito autoral para execução e difusão deste caudaloso material pertence à Editora Positivo.

Bullying

Atualmente, a dupla à frente das produtoras Au­dioPar e Signews tem atacado em outros estados e em mercados publicitários e de videoaulas.

A mudança se deve um pouco ao "politicamente correto", que, segundo eles, limita muito as composições. "Hoje em dia, atirar o pau no gato não pode, se o cravo brigar com a rosa é bullying", afirma Peters.

Também porque, a partir dos anos 2000, artistas de renome como Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhoto começaram a atuar neste nicho de mercado. "É um negócio sem erro: o pai deixa de comprar para si, mas não consegue negar para o filho", avalia Benatto.

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