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Discutida por uns, aceita por outros e reconhecida internacionalmente, Zuzu Angel teve um mérito indiscutível na moda brasileira. Durante toda sua carreira na moda, preocupou-se em criar e ousar sem jamais copiar tendências das "maisons" e passarelas do país. O resultado foram roupas inspiradas no nosso folclore, com bordados de artesãs nordestinas e uso de pedras semi-preciosas do interior de Minas Gerais, onde nasceu.

Todos esses detalhes foram cuidadosamente recriados nos figurinos do filme "Zuzu Angel". Na tela, chamam atenção tanto as roupas usadas por Patrícia Pillar como as da reprodução dos dois desfiles mais importantes da estilista: o primeiro em Nova York, em novembro de 1970, que a projetou internacionalmente; e outro, anos mais tarde, após o desaparecimento do filho Stuart Angel, que Zuzu usou como manifesto contra a repressão política.

Pelo menos 15 looks foram recriados fielmente para as cenas dos desfiles. Segundo a figurinista do longa-metragem de Sérgio Rezende, Kika Lopes, a opção foi pelas roupas mais expressivas.

- Como as roupas inspiradas em Lampião e Maria Bonita, nas mulheres rendeiras e nas baianas... - conta Kika, figurinista de outros filmes de época como "Mauá, o imperador e o rei" (1999) e "O guarani" (1996). - Já no desfile-protesto fomos fiel aos bordados com tanques de guerra, o sol dentro da jaula, quepes de militares e anjos em gaiolas.

Se as roupas dos desfiles foram cópias fiéis, o figurino de Patrícia Pillar foi criado e não copiado. Assim era mais fácil "passar o espírito da mulher Zuzu Angel".

- Não queríamos pegar a Patrícia e transformá-la em Zuzu. Sérgio (Rezende) queria que a gente abstraisse, que nada fosse copiado - explica Kika. - Usamos muito o que ela vestia na época, como chemisier e roupas estampadas.

Patrícia Pillar fez, no total, 54 trocas de roupas. A maior inspiração de Kika Lopes e sua equipe - que incluía até uma bordadeira mineira - para o look de Zuzu e de suas modelos foram o arquivo cuidadosamente guardado pela filha mais nova da estilista, a jornalista Hildegard Angel. O acervo inclui muitas fotos, vestidos orginais e réplicas, além de reportagens da época sobre os desfiles e até lenços que eram vedidos na loja. Tudo fotografado porque nada podia sair da casa de Hilde.

O público que se encantar com os modelos usados no filme poderão ver este acervo da família futuramente. Uma casa no bairro da Usina, no Rio de Janeiro, vai abrigar a Fundação Zuzu Angel. O instituto que leva o nome da estilista hoje em dia é apenas uma homenagem da escola de moda de uma universidade carioca.

Para quem tiver vontade de ter uma das camisetas com estampas e símbolos marcantes de Zuzu, como a do anjo usada na tela por Regiane Alves (intérprete de Hildegard), uma boa notícia: alguns produtos de Zuzu serão licenciados pela família para poderem ser usados por uma grife.

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