• Carregando...

Em 2005, a atriz e bailarina Juliana Adur passou dez meses estudando dança contemporânea em Lisboa. Voltou cheia de inquietações e com o desejo de realizar uma pesquisa sobre a pele. O resultado é o espetáculo Da Pele, com apresentações únicas hoje, sábado e domingo, às 20h30, no Teatro do HSBC. A realização integra o repertório da Companhia de Teatro A Armadilha.

Juliana começou a estudar fisiologia para entender as funções táteis da pele. Nos intervalos entre livros de Química e Biologia, descobriu um livro que inspiraria a peça: Contos de Amor Rasgados, da escritora Marina Colasanti. A coletânea traz pequenas histórias repletas de metáforas para falar de questões íntimas como carência, desejo, envelhecimento, enfim, de relações humanas.

"A peça fala da pele do ponto de vista fisiológico, mas também das inúmeras possibilidades poéticas do universo tátil. A dificuldade de tocar o outro, a relação com a própria pele, a solidão, a sensualidade, rugas, cicatrizes, cosméticos", conta Juliana, que dirige o espetáculo e contracena com as atrizes Tatiana Blum, Thalita Freire-Maia e Flávia Scherner.

Para falar disso tudo, não há histórias, mas cenas curtas retiradas dos contos de Marina Colasanti. São imagens que brincam com o imaginário do espectador – um homem que constrói uma companheira para lhe fazer companhia, uma jovem que decide abandonar o seu amor por não ser tocada, uma mulher que sente imenso prazer em se besuntar de cosméticos chegando ao ponto de devorá-los.

Juliana procura provocar reações físicas no espectador. "Eu proponho sensações ", explica a atriz. Ela é a única bailarina do elenco deste espetáculo, mas isso não significou que ela teve dificuldades. "Foi uma surpresa trabalhar dança com não-bailarinos. As respostas que as atrizes me deram foram as mais variadas", conta.

Da Pele é o que Juliana denomina de "dança-teatro", uma mescla entre as duas linguagem que ela percebeu ser cada vez mais freqüente na Europa. "Hoje em dia, é difícil separar o que é dança e o que é teatro. Por isso, no processo de desenvolvimento da peça, fui descobrindo as cenas sem me preocupar em conceituá-las", conta.

Para Juliana, quando se fala em pele, se fala também de amor, um sentimento que se concretiza pelo toque. "A própria Marina Colasanti contou-nos que escreveu Contos de Amor Rasgados num momento em que se sentia com maturidade suficiente para falar de amor", afirma Juliana.

Annalice Del Vecchio

Serviço: Da Pele. Espetáculo de dança e teatro. Teatro do HSBC (Av. Luis Xavier, 11) (41) 3321.6528. Direção de Juliana Adur. Com Juliana Adur, Tatiana Blum, Thalita Freire-Maia e Flávia Scherner. Sexta, sábado e domingo, às 20h30. Ingressos a R$14, R$7 (meia).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]