• Carregando...

Escritor mineiro da terceira geração modernista brasileira. Criador de uma linguagem própria, com neologismos e empréstimos da fala regional. Autor que universalizou o sertão.

Esqueça toda essa "decoreba" que se aprende nos cursinhos pré-vestibular. No cinqüentenário de Grande Sertão: Veredas, obra máxima do genial Guimarães Rosa, a Editora Nova Fronteira amplia o acesso do público brasileiro ao livro lançando edições para (quase) todos os bolsos.

Dez mil privilegiados terão a chance de se deliciar com a edição comemorativa da obra, de capa dura, forrada com tecido bordado em vermelho e exemplares numerados à mão. O lançamento privilegia a leitura fluida, sem os aborrecidos preâmbulos – apresentações, introduções ou prefácios – que adiam o mergulho ao que de fato interessa. É o livro como veio ao mundo, há 50 anos. O preço é digno do esmero da publicação: R$ 165.

A edição está "amarrada" a um catálogo de 112 páginas com fotos da instalação que a artista plástica Bia Lessa realiza sobre o autor, no Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo – incluindo as páginas do original de Grande Sertão: Verdas, com alterações do autor, cedidas pelo bibliófilo José Mindlin. O cordão que liga os volumes imita o barbante que prendia o lápis às cadernetas de Rosa.

Célebres cadernetas, aliás. O já falecido Manuel Narde, o Manuelzão, protagonista de uma das novelas incluídas no livro Manuelzão e Miguilim (1956), contou que, em suas explorações pelo sertão, o autor teria consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna, histórias, usos e costumes locais. "Ele perguntava mais que padre", disse. No entanto, Rosa levou apenas dois anos entre a gestação e o parto de Grande Sertão; Veredas, lançado naquele mesmo ano.)

Junta-se à caixa com os livros um DVD em que se pode percorrer as cinco trilhas da geografia de Rosa propostas por Lessa – de Riobaldo e de Diadorim, do Diabo, do Senhor e da crítica. O audiovisual também contém depoimentos dos críticos Antonio Candido e Décio Pignatari, dos escritores Antonio Callado, Sérgio Sant’Anna e Haroldo de Campos, do cineasta Eduardo Coutinho e do arquiteto Paulo Mendes Rocha sobre o impacto do romance em suas vidas e na história da literatura brasileira. Maria Bethânia fecha o material com uma leitura do trecho final do livro.

Duas edições bem mais democráticas, mas igualmente bem cuidadas, foram lançadas pela Nova Fronteira: a já tradicional de mercado, com preço sugerido de R$ 59, e a que é parte da Coleção Biblioteca do Estudante, por R$ 28.

Desde 2001, as novas edições da obra de Rosa passaram a ser revistas, a partir da última edição de cada livro corrigida pelo próprio autor. A editora teve a especial preocupação de recuperar os "erros" (voluntários, é claro) de Rosa, "corrigidos" após a reforma ortográfica de 1971, pois se presumia que eram a grafia da época.

Mas, o sertão retratado por Rosa extrapola os limites do papel. Ciente disso, desde agosto a Editora Nova Fronteira disponibiliza a versão digital de Grande Sertão: Veredas em pdf. Em apenas dois meses, o site já contava com mais de 10 mil acessos. Para quem ainda não acessou, o endereço é http://www.novafronteira.com.br/grandesertaomec/

Serviço: Grande Sertão: Veredas - Edição Comemorativa, de João Guimarães Rosa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]