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A animação Belowars narra a saga de Baita, um menino obstinado em se tornar um guerreiro tradicional | Divulgação
A animação Belowars narra a saga de Baita, um menino obstinado em se tornar um guerreiro tradicional| Foto: Divulgação

Animação

Belowars

Direção de Paulo Munhoz. 71 min. Em cartaz no Cine Guarani – Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430), (41) 3229-4484.

De segunda-feira a sábado, às 16 horas. R$ 5, R$ 2,50 (meia-entrada), R$ 1 (preço único aos fins de semana).

Classificação indicativa: 12 anos.

  • Cenas de batalhas foram adicionadas à obra de Leminski para dar ares épicos à história

Em 1968, o poeta curitibano Paulo Leminski (1944-1989) escreveu a obra infantojuvenil Guerra Dentro da Gente. O livro narra a história do menino Baita, um aprendiz da arte da guerra que descobre que a verdadeira arte é, de fato, não guerrear. Belowars, animação que adapta a história de Leminski para as telas, feita pelo cineasta Paulo Munhoz, passou por um aprendizado semelhante. "Foi um projeto que demorou para sair, tentei viabilizá-lo em vários editais e ele acabou sendo aprovado em um edital estadual para telefilmes, exatamente minha última tentativa", conta o diretor.

O longa de 71 minutos ficou pronto em 2007, mas só agora está em cartaz no Cine Guarani, do Portão Cultural, mantido pela Fundação Cultural de Curitiba. Antes disso, percorreu um circuito de festivais de animação, como o Animage de Pernambuco, o Animamundi de São Paulo e o Festival de Animação de Shangai, na China, e já está disponível para compra em DVD. "Ele é um filme meio incontrolável, como o próprio Leminski", brinca Munhoz.

O diretor conta que a animação em 2D foi, tecnicamente, um passo adiante do filme Brichos, o primeiro longa da Tecnokena, sua produtora. A maturidade e o traquejo da equipe com esse tipo de produção são os principais fatores que Munhoz aponta para conquistar a proeza de fazer o filme com limitação de tempo e dinheiro: um ano e R$ 250 mil, entre financiamento do edital e investimento pessoal. Parte da evolução da arte de fazer animações. "A estrutura desse storyboard me serviu de base para o storyboard do Brichos 2", comenta.

Linguagem universal

Belowars não é o primeiro contato de Munhoz com a obra de Paulo Leminski. Além de ser um fã do escritor desde muito jovem, o cineasta produziu em 2000 o CD-Rom Leminski, Um Poeta Multimídia, com o apoio da família do escritor. "Foi nessa época que li o Guerra Dentro da Gente e percebi que ali tinha um filme pronto." Mesmo assim, algumas liberdades foram tomadas no roteiro e na linguagem do filme. O principal desafio para a equipe, de acordo com o relizador, foi adaptar a escrita do poeta. "Houve uma primeira versão do roteiro em que mantínhamos a poesia do Leminski nos diálogos, mas não estava funcionando, e resolvemos adotar uma identidade visual mais marcante, com desenhos quase geométricos, cuja expressividade praticamente dispensasse os diálogos."

A solução: a linguagem batizada pelo diretor de "belowárico", que une palavras de radicais latinos e saxões, como o próprio título (belo = guerra em latim e war = guerra em inglês). "Graças a essa linguagem, pudemos mandar o filme para festivais no mundo inteiro sem precisar legendar, pois todo mundo entendia. Mas a verdade é que ele seria inteligível mesmo que as palavras não fizessem sentido, pois o diálogo é facilmente dedutível. As pessoas comentaram que acharam estranho no começo, mas já pelo meio do filme a linguagem soa natural."

O diretor diz que o título Belowars possibilita uma segunda leitura. "Below ars, uma arte baixa ou inferior, como é a guerra. O filme fala da guerra, mas trata o assunto como algo muito negativo." O neologismo é usado como grito de guerra nas cenas de batalha do longa, também inseridas livremente na obra. "Queríamos dar uma aura mais de aventura para a história, e adicionamos as cenas de combate. Percebemos que, diferente do PAX [curta em stop-motion produzido em 2005 pela Tecnokena], que agradou a todo mundo, o Belowars dividiu o público. Os mais pacifistas gostam, e os que esperam ver mais ação se decepcionam."

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