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Shrek e Fiona têm que assumir responsabilidades de soberanos de Tão Tão Distante no novo filme da série. | Fotos: Divulgação
Shrek e Fiona têm que assumir responsabilidades de soberanos de Tão Tão Distante no novo filme da série.| Foto: Fotos: Divulgação

Guerrilheiros e ditadura militar. De novo. Parece que o cinema brasileiro não sabe tratar de outra coisa, visto a quantidade de filmes lançados nos últimos anos sobre o tema. O mais recente é Caparaó, documentário do diretor paulista Flávio Frederico, que estréia hoje em Curitiba.

A produção, vencedora da competição nacional do importante Festival É Tudo Verdade, edição 2006, fala de personagens quase esquecidos – como todo filme sobre a época que se preze –, os primeiros a organizar um movimento armado contra o governo militar brasileiro nos anos 60.

A diferença é que esses guerrilheiros tinham origem militar, eram em sua maioria sargentos expulsos das Forças Armadas – tanto do Exército, como da Marinha e da Aeronáutica – por serem identificados como pessoas de esquerda. Entre 1966 e 1967, quase duas dezenas deles formaram um grupo, dirigindo-se à Serra do Carapaó, em Minas Gerais. O mentor e organizador de tudo era o ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na época exilado no Uruguai. O patrocínio era do governo cubano de Fidel Castro, espelho para os brasileiros na sua intenção de fazer a revolução começar a partir da guerrilha rural.

Frederico, que estreou em longas com um interessante docudrama chamado Urbania – centrado em dois personagens de ficção que interagem com pessoas reais da capital paulista – faz um filme tradicional na narrativa documental, reconstituindo a história com depoimentos e imagens e filmes de arquivo. Além dos ex-guerrilheiros, comentam o acontecimento os policiais e militares que os prenderam quando toda a ação do grupo acabou dando errado. Os revoltosos construíram uma casa de pedra no alto de Serra do Caparaó, e lá conviveram por um tempo, mas não conseguiram colocar em prática seus planos de revolução – houve algumas deserções e também muitos erros de estratégia.

O diretor acerta no tom do filme, sem maniqueísmos, como algumas abordagens do período costumam fazer – principalmente na ficção do cinema nacional, que tem romantizado tudo ao extremo. Os antigos revoltosos relembram a formação do grupo e avaliam seus atos. Alguns se reencontram depois de anos e ainda debatem e levantam teorias sobre os motivos por que a ação, para alguns quase quixotesca, não deu certo.

O tema ditadura X guerrilheiros ainda está longe de ser esgotado, rendendo este ano mais um documentário que estreou em São Paulo há poucos semanas e que talvez chegue em breve a Curitiba. Hércules 56, de Silvio Da-Rin, reconstitui o episódio do seqüestro do embaixador americano no Brasil nos anos 70, reunindo depoimentos dos ex-guerrilheiros que organizaram a ação e os que foram trocados pela liberdade do diplomata. GGG

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