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Quem assistiu ao clássico Casanova de Fellini (1976), vai estranhar – e muito – a nova versão para as telas das aventuras e desventuras do célebre amante veneziano. Enquanto o filme do diretor de Amarcord, baseado na autobiografia do personagem, traz uma visão angustiada e doentia do homem que amou, compulsivamente, milhares de mulheres durante sua vida, o longa-metragem do sueco Lasse Hallström (de Regras da Vida e Chocolate) opta por retratá-lo de forma bem mais leve e romântica.

O Casanova vivido pelo australiano Heath Ledger (de O Segredo de Brokeback Mountain) é jovem, viril e algo inconseqüente, mas sem a aura de patologia e obsessão da versão felliniana, encarnada pelo ator canadense Donald Sutherland. Quando a história inicia-se, o personagem está em maus lençóis. Embora conte com a simpatia do doge, monarca eleito de Veneza, ele está sendo perseguido pela Santa Inquisição, que enxerga algo de demoníaco em seu comportamento promíscuo. A única saída, se deseja permanecer na cidade, é arranjar, o mais rápido possível, uma esposa respeitável e virtuosa. Quando encontra sua prometida, contudo, acaba se apaixonando por outra mulher.

Numa tentativa de construir uma versão menos machista da história de Casanova, o roteiro do filme de Hallström sugere que o amante italiano teria caído de amores por Francesca Bruni (a inglesa Sienna Miller, mulher de Jude Law), uma jovem inconformada com a submissão feminina imposta pelos padrões morais da época e autora, sob um pseudônimo masculino inventado, de livros libertários, também considerados heréticos pela Igreja Católica. Obviamente, ela foge de Casanova como diabo da cruz, por condenar veementemente o comportamento permissivo do rapaz. O destino, entretanto, trata de aproximá-los.

Construído com uma espécie de comédia de erros, próximo ao vaudeville, em que todos enganam todos, o novo Casanova não é um filme denso, reflexivo. Pelo contrário. Mas justamente por não se levar tanto a sério, acaba divertindo. De quebra, conta com uma espetacular direção de arte, elenco de primeira e uma trilha sonora que chegou ao topo da parada norte-americana de música erudita. Os temas originais de Alexandre Desplat se mesclam a peças de Rameau e Bach.

Inédito nos cinemas brasileiros, Casanova vale uma sessão da tarde com pipocas. GGG

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