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Coletânea tripla é acompanhada por um DVD com um raro documentário de tevê feito em 1970 | Reprodução
Coletânea tripla é acompanhada por um DVD com um raro documentário de tevê feito em 1970| Foto: Reprodução
  • Lançamento -To Be Free: The Nina Simone Story- Nina Simone. Sony Music. R$ 81,90. Jazz.

Há pouco mais de dez anos, em abril de 2003, morria Nina Simone, dona de uma das vozes mais marcantes da música americana. Ela morreu em casa, no sul da França, de causas naturais.

Com cinco anos de atraso, a maior compilação da eclética carreira da cantora e pianista chega ao Brasil, em um box de três CDs que reúne gravações do início de sua discografia, em 1957, até seu último lançamento por uma major, em 1993 – fase em que, fora dos Estados Unidos desde os anos 1970, gravava esporadicamente.

To Be Free: The Nina Simone Story inclui as primeiras gravações de Nina – nascida Eunice Kathleen Waynon, em 1933, no estado americano da Carolina do Norte –, como "I Loves You Porgy" e o hit tardio "My Baby Just Cares for Me" (que estourou em 1987 após ser usado em um comercial).

A maior parte das faixas pertence à sua fase da RCA, que marcou alguns de seus trabalhos mais pop. De seu último disco, a coletânea inclui "A Single Woman", que mostra a transformação de sua voz – grave, grandiosa e de grande força emocional.

Mas a passagem da cantora pela Philips, onde registrou o seu despertar para o movimento dos direitos civis a partir de 1964, salta aos ouvidos nas quase quatro horas de duração da coletânea – que inclui um DVD (apenas em inglês) com um o documentário Nina: A Historical Perspective, um especial de tevê de 1970 que traz uma entrevista intimista e trechos de uma de suas intensas apresentações. Antes de ícones como Bob Dylan, Nina marcava posição em um terreno dos mais hostis.

O CD 2 abre com uma performance ao vivo de "Mississippi Goddam", uma das poucas canções da lavra de Nina, gravada em sua estreia pela gravadora, em 1964, em resposta a um atentado a uma igreja no Alabama que matou quatro crianças negras. A apresentação registrada na coletânea foi feita três dias após o assassinato do ativista Martin Luther King, em abril de 1968. O choque e a revolta contra a segregação – uma das marcas da identidade de Nina – ficaram registrados. Os detalhes são explicados (também apenas em inglês) no polpudo encarte do box.

Não é possível, no entanto, delimitar a carreira da cantora. Embora não apresente a trajetória completa, To Be Free: The Nina Simone Story evidencia uma multiplicidade de difícil classificação. O próprio Dylan foi cantado por Nina ("Just like a Woman", em 1971), assim como também os Bee Gees ("To Love Somebody", 1969) e George Harrison ("My Sweet Lord", em uma versão gospel que remete aos primeiros passos de Nina ao piano, na igreja de sua mãe, que era pastora metodista). O primeiro sentido da liberdade em seu trabalho se aplica às suas escolhas musicais.

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