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Beyoncé foi a primeira mulher a atingir o número 1 dos mais vendidos da Billboard | Ricardo Moraes/Reuters
Beyoncé foi a primeira mulher a atingir o número 1 dos mais vendidos da Billboard| Foto: Ricardo Moraes/Reuters

CD/DVD

Beyoncé

Beyoncé. Sony Music. R$ 34,90. Pop.

Desde que Madonna inventou o conceito de astro pop, qualquer postulante ao cargo sabe que trabalhar a imagem é tão (ou mais) importante quanto a música. E que conhecer seu público é vital para permanecer no combalido mercado fonográfico – lição dada pelo Radiohead.

Nas últimas semanas, Beyoncé levou ao extremo esses dois ensinamentos e ofereceu um terceiro: venda e eles comprarão. Lançado sem campanha publicitária ou faixa trabalhada como single, Beyoncé, o disco, tomou de assalto ouvintes do mundo inteiro na madrugada do dia 13 de dezembro.

Durante uma semana, o álbum ficou disponível apenas via iTunes e somente no formato de disco – ou seja, sem a possibilidade de venda de faixas separadas. No pacote, 14 músicas inéditas e 17 videoclipes – um para cada faixa, dois inéditos e um terceiro derivado de uma mesma canção. Tudo por US$ 12,99 (cerca de R$ 30).

A manobra, que poderia se mostrar desastrosa para outro artista, funcionou com Beyoncé: em poucos dias, o álbum quebrou o recorde de vendas no iTunes (com mais de 600 mil cópias vendidas) e tornou a cantora a primeira mulher na história a atingir o número 1 da lista de mais vendidos da Billboard com todos os seus discos.

Em uma semana, ultrapassou a barreira de 1 milhão de unidades comercializadas – e isso tudo somente pelo iTunes, sem contabilizar as cópias físicas que começaram a chegar nos últimos dias às lojas.

Da concepção do disco à estratégia de lançamento, tudo partiu da cabeça de Beyoncé. Em entrevista para o jornal inglês Guardian, ela foi enfática sobre o processo de criação, citando sua referência mais óbvia.

"Queria seguir os passos de Madonna e ser uma potência, ter o meu próprio império. E mostrar a outras mulheres que, quando você chega a um determinado ponto da sua carreira, você não precisa dividir seu sucesso e seu dinheiro com outra pessoa, você pode fazer isso sozinha."

Mas o êxito de Beyoncé comprova, se não a falência do atual modelo de negócios, a força da cantora junto aos seus seguidores. Da mesma forma que o Radiohead, que em 2007 deixou que o internauta escolhesse quanto gostaria de pagar por In Rainbows, Beyoncé conhece seus fãs a ponto de saber que eles irão consumir qualquer coisa que ela fizer. E pelo preço que for.

Tanto que ela não deu chance ao público de ouvir qualquer uma das faixas ou ver algum dos clipes previamente, obrigando-o a literalmente pagar para ouvir.

O disco

E olha que o quinto disco de Mrs. Carter é bem mais ou menos. Quase todo composto por faixas de R&B de moderada voltagem erótica/romântica, Beyoncé é voltado para criar clima, mandar um recado ou fazer striptease – menos dançar, com exceção talvez de "Blow".

Ao longo do álbum, a cantora discute a relação ("Mine"), faz sexo ("Rocket"), faz amor ("Drunk in Love"), seduz ("Partition"), briga ("Jealous"), critica os padrões de beleza ("Pretty Hurts"), repensa os papéis de homens e mulheres no mundo ("***Flawless") e canta com a filhinha ("Blue").

Os clipes fazem sua parte e trazem Beyoncé seminua em uma gama de possibilidades: sensualizando na praia, saturada de cores num parque de diversões, emulando a Madonna da fase Erotica, trabalhada no néon, aludindo a Pietà e até no cemitério.

É tudo aquilo que os fãs querem encontrar e ela oferece em abundância e sem frescura – mas por um preço. Mais do que uma lição de mercado, Beyoncé ensina: venda e eles comprarão.

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