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A Invenção de Hugo Cabret , dirigido por Martin Scorsese, foi o recordista de indicações ao Oscar, incluindo a de melhor filme | Divulgação
A Invenção de Hugo Cabret , dirigido por Martin Scorsese, foi o recordista de indicações ao Oscar, incluindo a de melhor filme| Foto: Divulgação

Interatividade

Que livro renderia um bom filme, na sua opinião?

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  • Albert Nobbs foi adaptado de um conto do irlandês George Moore
  • Quem Quer Ser um Milionário?, adaptado do livro do indiano Vikas Swarup, levou oito Oscars em 2009

Uma rápida análise dos filmes indicados ao Oscar deste ano é suficiente para uma constatação no mínimo interessante: uma boa parcela deles tem seu roteiro baseado em livros. A relação fica ainda mais evidente se for considerado que, dos nove longas-metragens indicados a melhor filme, cinco deles são adaptações: Os Descendentes, Tão Forte e Tão Perto, Histórias Cruzadas, A Invenção de Hugo Cabret, O Homem Que Mudou o Jogo e Cavalo de Guerra. Isso sem contar outros filmes que ficaram de fora da competição principal mas concorrem em outras categorias, como Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, O Espião Que Sabia Demais, Albert Nobbs e Sete Dias com Marilyn – este último, baseado em nada menos do que três livros do escritor e cineasta Colin Clark.

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O fenômeno talvez possa ser explicado em parte pela crise de criatividade que assola os roteiristas de Hollywood na última década ou pelo avanço da arte da adaptação, mas o fato é que, ao menos quantitativamente, as produções adaptadas cada vez mais ganham um lugar na corrida pelo Oscar: foram quatro de dez filmes em 2010 e 2011. Em 2009, entre os cinco indicados, apenas o filme Milk – A Voz da Igualdade tinha um roteiro original (Frost/Nixon foi baseado não em um livro, mas em uma peça de teatro).

Dada a imensa quantidade de livros publicados todos os anos, apostar em um para render um bom filme depende de muitos fatores, mas o principal talvez seja o respaldo do autor. É o caso, por exemplo, de O Espião Que Sabia Demais, baseado no livro do escritor britânico John Le Carré, renomado por suas histórias de espionagem desde os anos 1960. O livro, que agora foi reeditado no Brasil, já havia sido transformado em uma minissérie inglesa em 1979. Esta já é a oitava adaptação de uma obra de Carré para o cinema.

Trilogia

Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres aposta em um sucesso editorial bem mais recente, ainda em voga: Stieg Larsson, escritor sueco falecido em 2004, cuja trilogia policialesca Millennium já rendeu três produções suecas bem recebidas. A versão americana chega agora indicada a cinco Oscars.

A consistência na carreira do autor pode fazer com que o livro a ser adaptado venha de mais longe, tanto geográfica quanto cronologicamente. O conto "The Singular Life of Albert Nobbs", ("A Vida Singular de Albert Nobbs"), que concorre aos prêmios de melhor atriz (Glenn Close), atriz coadjuvante (Janet McTeer) e maquiagem foi escrito pelo novelista irlandês George Moore há quase um século, e publicado em 1918. O grande vencedor de oito Oscars em 2009, Quem Quer Ser um Milionário?, deixou o eixo América-Europa ao adaptar um livro do renomado escritor indiano Vikas Swarup.

O que não impediu que uma autora novata, a americana Kathryn Stockett, tivesse seu romance de estreia, A Resposta, adaptado no ano passado na produção Histórias Cruzadas, com Emma Stone no papel principal. Kathryn escreveu baseando-se em suas memórias de infância no sul dos Estados Unidos dos anos 60, em que empregadas negras eram segregadas, com resquícios das relações vigentes durante a escravidão.

A havaiana Kaui Hart Hemmings também teve seu primeiro romance transformado no filme Os Descendentes. A autora, que até então tinha apenas publicado um livro de contos e escrito o roteiro de uma série de tevê e do longa-metragem Ondas do Destino, ganhou destaque por sua sensível história familiar, estrelada na tela grande por George Clooney e ganhadora de 37 premiações, além de indicada a cinco Oscars.

Prestígio

É certo que o escritor fica em segundo plano nas premiações do cinema, e mesmo na categoria de melhor roteiro adaptado não sobra mais do que um "muito obrigado" por parte dos realizadores. Mesmo assim, a julgar pela quantidade de lançamentos e relançamentos literários que vêm com a frase promocional "o livro que deu origem ao filme" nessa época do ano, não restam dúvidas de que um vencedor do Oscar pode alavancar exponencialmente a venda do livro em que foi baseado, ou até tirá-lo do ostracismo. Ora, até uma indicação já está valendo.

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