A malandragem em forma de gato

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Manda-Chuva está de volta no longa-metragem Manda Chuva – O Filme, que estreia nesta sexta-feira em cópias convencionais e 3D, apenas na versão dublada. O gato de rua malandro e sua turma de adoráveis picaretas fizeram muito sucesso na década de 1960, quando integraram o primeiro desenho animado a ser exibido em horário nobre nos Estados Unidos, pela rede ABC. Se não chegou a ser o mais popular dos desenhos dos estúdios Hanna-Barbera, certamente é hoje um dos mais cultuados e lembrados por seu vínculo próximo com a temática adulta e uma amoralidade em desenhos animados que viria a se popularizar dali a algumas décadas.

No filme, um excêntrico e egocêntrico falsário assume a chefatura da polícia de Nova York, transformando a vida do antípoda da turma de gatos, o Guarda Belo, em um verdadeiro inferno. Substituindo todos os policiais por robôs e instalando câmeras a torto e a direito, como um verdadeiro Big Brother de George Orwell (1984), o novo mandante da cidade põe em jogo o sossego do beco mais famoso dos desenhos animados ao armar uma fraude para incriminar Manda-Chuva. Pela primeira vez, a lealdade do líder de Chuchu, Bacana, Espeto, Gênio e Batatinha é colocada à prova. Acusado de trair seu código de ética e roubar dinheiro de órfãos, Manda-Chuva é enviado para uma terrível prisão habitada pelos mais ferozes cães da cidade.

Apesar de se manter fiel ao charme dos personagens e à nostálgica música de abertura, Manda-Chuva – O Filme tem uma estrutura fraca para um longa-metragem – mais se assemelha a um episódio como outro qualquer. Apesar do mote quase apocalíptico para a vida dos personagens, faltou ao roteiro explorar o drama por trás da vontade da turma de Manda-Chuva de manter as coisas como são. A coprodução entre México e Argentina (desenvolvida pelo Ánima Estudio, responsável por Chaves – A Série Animada) faz uma estranha mistura de desenho 2D e fundo tridimensional, não justificando o formato 3D disponível. Termina apenas por criar uma aparente indecisão entre manter o desenho clássico ou inovar na forma. Por último, o vilão é desproporcional: é também incoerente que o inimigo de Manda-Chuva, que controla toda a cidade, tenha tanto trabalho para se preocupar em incriminar um gato vira-lata. A adaptação para o cinema parece não ter sido a melhor das ideias. G