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POema 2

A mão

 | Biel Carpenter
(Foto: Biel Carpenter)

Queria lembrar minha mão

Quando não havia manchas.

Alguma coisa fora do tempo.

Aquela memória, assim, não.

Enfim, passou. Agora, esses

Dedos, com essas estampas.

Não era assim. Era, não sei

Bem. Limpas. Melhor,

Cortá-las, disse o poeta.

A mão inteira, brilhante,

Principalmente nova, uma

Pequena roda semovente.

Verde. Isso: a mão inteira

Disponível, pronta para o que

Der, ver e vier. As unhas:

Novas. Talvez a diferença

Sejam as unhas – elas como

Que envelhecem. O tempo

De cada pedaço não é o tempo

Do todo, diz a equação.

Mas essas coisas corroídas

São mais que unhas. São

Não sei. Você percebe esse

Metro atrapalhado. Um pé

Lá atrás, outro adiante, e

Nunca fecham o compasso

E tudo é culpa da unha

Essa mesma, sobre a pele

Manchada de dedos assim

Não tão ruins, mas a pele

E a mancha e esse olho que

Vê, enfim. A coisa como era.

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