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Manny, de Os Imperdoáveis, é exemplar na galeria dos personagens de Clint | Divulgação
Manny, de Os Imperdoáveis, é exemplar na galeria dos personagens de Clint| Foto: Divulgação

Entrevista com José Geraldo Couto, jornalista e crítico

Situar Clint Eastwood na história do cinema contemporâneo não é fácil. Até porque seu trabalho como ator é tão relevante quanto sua filmografia. Em plena atividade, ele ainda modela sua obra. Julgá-la, em definitivo, é ainda precipitado.

Em entrevista para a Gazeta do Povo, o jornalista e crítico José Geraldo Couto, da Folha de São Paulo, afirma que Eastwood é, ao lado de Martin Scorsese, um dos últimos remanescentes da tradição do cinema americano clássico. Leia mais na conversa abaixo.

Alguns autores definem a maior parte dos personagens mais importantes vivido por Clint como um "individualista solidário". Você concorda? Por quê?

Sim, acho que se pode dizer que os principais personagens vividos por Clint Eastwood como ator são "individualistas solidários". São, em geral, indivíduos independentes, que atuam à margem dos grupos e instituições (mesmo que façam nominalmente parte delas, como da polícia ou do exército), mas quase sempre com o objetivo de ajudar, libertar ou emancipar uma pessoa ou várias. Assim são, por exemplo, o pistoleiro de Os Imperdoáveis, o instrutor de boxe de Menina de Ouro e o jornalista de Crime Verdadeiro, só para citar três filmes dirigidos por ele próprio na última década.

Como você classificaria os westerns dirigidos por Clint dentro da história do gênero? É possível colocá-lo no mesmo patamar de um John Ford ou de um Howard Hawks?

Não sei se é possível colocá-los no mesmo patamar, pois são como que faroestes de "segundo grau", ou de "segunda geração", que pressupõem, de certo modo, todo o patrimônio do cinema de faroeste feito anteriormente. Ford e Hawks seriam, digamos, matrizes em que os faroestes dirigidos e/ou estrelados por Clint Eastwood se referenciaram. Ele é como que um discípulo, um herdeiro, desses grandes criadores.

Você acredita que, como cineasta, ele seja um dos últimos e mais notáveis remanescentes da tradição do cinema americano clássico? Com que diretore ele teria conexões mais evidentes?

Sem dúvida, é um dos últimos da grande tradição clássica. Entre os cineastas que vieram antes dele, as afinidades mais evidentes são com os citados Ford e Hawks, mas também com os que o dirigiram, como Sergio Leone e Don Siegel. Entre os contemporâneos, talvez o único outro grande representante do cinema clássico americano (ainda que em constante tensão contra seus limites) seja Martin Scorsese, que curiosamente nunca experimentou o western. (PC)

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