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O MON e a crise

Saiba como o MON vai agir diante da crise:

O Museu Oscar Niemeyer (MON), de 2003 até hoje, já realizou 144 exposições, 35 delas internacionais. Essas mostras são viabilizadas pelos mecanismos da Lei Rouanet, contando com parcerias da Secretaria de Estado da Cultura (Seec) e outras instituições. A Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa do MON, que respondeu por e-mail algumas perguntas.

A respeito dos impactos da crise, a resposta foi a seguinte: "A captação financeira depende do lucro das empresas. Portanto, a crise sempre vai prejudicar os projetos que dependem de captação financeira através de incentivo fiscal. O MON adotou como medida preventiva a prorrogação das exposições já montadas para garantir o calendário de 2009."

Sobre como as medidas do governo federal podem prejudicar o MON, a assessoria respondeu que: "em conseqüencia da crise, até o momento, o Ministério da Cultura não mudou a rotina de aprovação de projetos, adotando os mesmos procedimentos. No entanto, é possível ser afetado o montante de renúncia fiscal liberado caso ocorra muita redução na arrecadação federal."

Cautela. Essa é a palavra de ordem para quem trabalha com cultura, em especial aqueles que utilizam leis de incentivos. A Petrobras, apesar de ter registrado lucro recorde (relativo ao ano passado), de R$ 33,91 bilhões, ainda não decidiu para onde nem como vai destinar o dinheiro disponível para a cultura. O Festival de Curitiba, pela primeira vez em 11 anos, não contou com a verba da estatal e teve de fazer malabarismo para colocar em cena a sua programação que tem início hoje e segue até 29 de março.

O Festival Internacional de Londrina (Filo), que este ano chega em sua 41ª edição, agendado para acontecer de 5 a 20 de junho, ainda conta com a (eventual) verba da Petrobras. O diretor do evento, Luiz Bertipaglia, tem uma reunião com diretores da estatal nesta sexta-feira (20). Nesse meio tempo, Bertipaglia articula outros apoios, mas mentalizando o "pensamento positivo" para que a Petrobras diga sim ao Filo.

Na Castelo de Barros, empresa curitibana há 30 anos envolvida com a realização de diversos espetáculos, inclusive catapultados via Lei Rouanet, a redução de custos é a solução para desatar todos os nós. Os produtores Toni Rocha e Cristina Barros observam que, mesmo sem crise, os custos de locação de espaço, direitos autorais e tributos já sobrecarregam uma produção. "Com essa crise, que ceifa 'cabeças' em todo o mundo, cortar o que for possível é o caminho para quem deseja realizar eventos culturais", diz Cristina.

Nem mesmo o "otimismo" do Ministério da Cultura, que este ano tem orçamento total de R$ 1,35 bilhão (superior aos R$ 1,15 bilhão do ano passado), tranquiliza os produtores. Do montante, cerca de R$ 220 milhões estão reservados para investimentos (valor a ser confirmado até o fim do mês).

Greice Barros, que viabiliza eventos de música e teatro na capital paranaense, até desistiu de pleitear recursos via Lei Rouanet. "É muito difícil", afirma. O argumento encontra ressonância no discurso de outros produtores, que inclusive pedem para não ser identificados: a burocracia para apresentar um projeto é complexa e, caso haja um "sim", conseguir empresa disposta a investir em empreendimentos no Paraná é praticamente "impossível", diante da visibilidade ao apostar em projetos do eixo São Paulo-Rio de Janeiro.

Outro impasse

Como se não bastasse essa crise, que – diferentemente do que diz o presidente Lula – provoca mais do que "marolas" no Brasil, os produtores culturais foram surpreendidos, no fim do ano passado, com mais uma pedra no caminho. O governo federal sancionou a Lei Complementar nº 128/08. O canetaço, na prática, representou aumento de carga tributária para empresas enquadradas no Simples Nacional (regime tributário diferenciado aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte) de 6% para até 17,5%.

Clodoaldo Costa, à frente da Banalíssima Arte, que desde 1992 realiza espetáculos, afirma que ainda não é possível dimensionar o impacto desse aumento de impostos. De toda forma, pondera Costa, escritórios que produzem eventos culturais (a maioria enquadrada no Simples) que fizeram orçamentos, levando em conta a realidade de 6% de impostos, devem enfrentar problemas com o aumento do tributo para 17%. Ele conta que teve cancelar alguns projetos, ainda ano passado, devido à crise.

Outro mundo

Mara Fontoura não acredita que essa turbulência econômica em âmbito mundial venha a afetar quem trabalha com cultura. À frente da Gramofone Produtora Cultural, ela se vale sobretudo dos mecanismos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, que funciona a partir de renúncia fiscal da prefeitura de até 2% da arrecadação de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviços (ISS). "É um recurso 'garantido', diferentemente da Lei Rouanet, que utiliza imposto de renda. Quem trabalha com lei municipal está tranquilo", diz.

O francês radicado no Rio de Janeiro Pierre Andre Kranz é outro que não teme a crise. Ele, por meio da Lei Rouanet, deve viabilizar este ano 150 apresentações de artistas estrangeiros de música instrumental no Brasil: a mesma quantidade de shows que fez acontecer em 2008.

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