• Carregando...
 | Divulgação
| Foto: Divulgação

Premiados

Melhor romance

• O 5.º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura tinha entre os finalistas o português José Saramago (As Intermitências da Morte), o amazonense Milton Hatoum (Cinzas do Norte), o mineiro Luiz Ruffato (Vista Parcial da Noite) e o paulista Daniel Galera (Mãos de Cavalo), entre outros escritores.

• O vencedor, porém, foi o moçambicano Mia Couto, o grande nome atual da literatura africana de língua portuguesa. Seu romance O Outro Pé da Sereia, publicado no Brasil em 2006 pela Cia. das Letras, conquistou o prêmio principal, de R$ 100mil.

Contos

• Foram 1.125 autores inscritos, cada um com três contos, de todos os estados brasileiros, além de autores estrangeiros, da Alemanha, Argentina, Itália e Portugal.

• A vencedora foi a escritora Lúcia Bettencourt, pelo livro A Secretária de Borges, que já havia conquistado o Prêmio Sesc de Literatura 2006. • A segunda colocação ficou com o escritor catarinense Bruno Dorigatti, autor de "Tábua 11", "Tábua 23" e "Asas".

Passo Fundo (RS) – Longe dos grandes centros, afastada da capital Porto Alegre, a cidade gaúcha de Passo Fundo atrai centenas de escritores e milhares de leitores a cada dois anos para a Jornada Nacional de Literatura. A 12. ª edição, que acontece durante esta semana, com o tema Leitura da Arte e Arte da Leitura, apresenta alguns dos principais escritores nacionais, como Marina Colasanti, Milton Hatoum, Affonso Romano de Sant’Anna e Luiz Ruffato, além de estrangeiros como Carlos Ginzburg, Mia Couto e Miroslaw Bujko.

Como um município de 200 mil habitantes consegue o impressionante feito de se tornar a "Capital Nacional da Literatura"? "Nós temos um objetivo que é buscado há 26 anos: a formação de leitores", explica a coordenadora da jornada, Tania Rösing. A ampla programação só é possível pela iniciativa conjunta da Universidade de Passo Fundo (UPF) com a Prefeitura Municipal. Mas o nome forte à frente da organização é mesmo o da coordenadora, que defende vigorosamente seu projeto de consolidar a jornada não apenas como evento isolado, mas como uma movimentação cultural permanente na cidade.

"Cada jornada é o ápice de um trabalho de dois anos", enfatiza. Nesse período, acontecem diversas ações formativas e de divulgação cultural. Na Universidade de Passo Fundo, o Centro de Referência de Literatura e Multimeios atende a alunos da educação infantil ao ensino superior. O programa Mundo da Leitura e o quadro Boa Leitura são transmitidos pelo canal Futura para todo o país. "Participamos de feiras e orientamos professores", diz a coordenadora.

A conseqüência de todo esse trabalho é o crescente apoio das editoras e a quantidade cada vez maior de escritores interessados em participar das jornadas. Mas o principal resultado é contabilizado no quesito que mais importa à idealizadora: o crescimento do índice local de leitura. Segundo pesquisa do IBOPE, encomendada pela Câmara Rio-Grandense do Livro, a região gaúcha que mais lê é a de Passo Fundo: cada pessoa lê 6,5 livros por ano. Os bons números chegam à Porto Alegre, com média de 5,8. A média geral brasileira, infelizmente, não ultrapassa 2,5.

De acordo com a coordenadora, a grande dificuldade para organizar um evento cultural de grande porte como a jornada é a obtenção de recursos financeiros. Este ano, a organização enfrentou problemas para conseguir apoio no estado. O Conselho Estadual de Cultura se recusou a repassar os recursos da Lei de Incentivo ao projeto. A negativa foi amplamente criticada na cerimônia de abertura realizada na segunda-feira.

A abertura da 12. ª Jornada foi também o momento da entrega do 5.º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, direcionado ao melhor romance de língua portuguesa publicado nos últimos dois anos, para o escritor moçambicano Mia Couto (finalista do Prêmio Portugal Telecom), pelo livro O Outro Pé da Sereia.

No palco da tenda armada para a jornada, o escritor falou da "honra" de receber o prêmio. "Meus grandes mestres vêm desta terra, desde Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Cla rice Lispector, Manoel Barros, Adélia Prado e tantos outros. Esses escritores me instigaram a imprimir na língua portuguesa a marca de uma outra cultura, que no meu caso é a cultura africana. Tudo isso me faz sentir profundamente devedor para com o Brasil".

* * * * *

A jornalista viajou a convite da organização do evento.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]