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Don Giovanni é um dos mais importantes clássicos da história da música. Desde que foi apresentada pela primeira vez, em 1787, nunca deixou de ser reencenada. Escrita por Mozart em parceria com seu libretista mais importante, Lorenzo da Ponte, foi considerada pelos compositores do século seguinte como "a ópera das óperas". Estabeleceu um padrão que seria seguido por muito tempo e que até hoje permanece, de certa maneira, insuperado. "É a ópera suprema", disse recentemente o escritor José Saramago, vencedor do Nobel de Literatura e autor de uma nova versão da história para o teatro.

Tudo isso faz com que a montagem curitibana da ópera, que estréia hoje à noite no Guairão, se transforme em evento para lá de importante na vida cultural da cidade. Para quem gosta de óperas, mais ainda, já que esta é a primeira grande montagem do Guaíra no ano, depois de uma retomada que teve três atrações em 2005. A ópera também serve como uma pequena homenagem da cidade aos 250 anos de Mozart, um dos maiores gênios da história da música. Curiosamente, no mesmo fim de semana haverá outra peça importante de Mozart sendo tocada em Curitiba. A Camerata Antiqua apresenta a Missa da Coroação na sexta e no sábado.

A homenagem a Mozart foi o passo inicial para a escolha de Don Giovanni como a primeira ópera do ano produzida pelo Guaíra. "Primeiro pensamos em Bodas de Fígaro", afirma o maestro Alessandro Sangiorgi, titular da Orquestra Sinfônica do Paraná e responsável pela parte musical do evento. Depois, devido ao tamanho excessivamente grande da ópera, trocou-se por Don Giovanni, que tem cerca de uma hora a menos de duração. "Tínhamos apenas três semanas de ensaio e Don Giovanni se encaixava melhor no nosso tempo", afirma Sangiorgi.

A montagem será feita com dois elencos diferentes. Há cantores brasileiros e cantores italianos. Ambos os grupos foram escolhidos depois de testes realizados por Sangiorgi. A participação dos italianos se deve ao convênio que permitiu a montagem curitibana. Parte do dinheiro vem do patrocínio do governo da região do Vêneto, na Itália. É a mesma parceria que permitiu a realização de La Bohème, de Puccini, no ano passado. A idéia é que as óperas sejam montadas aqui e depois reexibidas – com o mesmo elenco, mas orquestras diferentes – em Adria, na Itália.

Trama

A trama do Don Giovanni conta o mito do conquistador irresistível, mais conhecido no Brasil como Don Juan, que seduz milhares de mulheres com seu discurso galante. Na ópera, a cena começa com o personagem tentando violentar uma virgem, Anna, e tendo de duelar com o pai dela, que o pega em flagrante. Don Giovanni acaba assassinando o adversário, o Comendador, que terá papel fundamental aparecendo como fantasma no fim da ópera. Depois de ter de passar pelos apuros de sua vida de conquistador, que envolve durante a ópera o convívio com duas outras mulheres, o personagem acaba tendo de se refugiar em um cemitério. Lá, a estátua do comendador jura vingança. Mais tarde, em uma festa, o fantasma do morto reaparece e realmente se vinga de seu assassino.

Sangiorgi diz que a montagem paranaense vai cortar o trecho final da ópera, supostamente colocado lá só para que houvesse um final mais feliz para a história. "É um trecho bonito, mas que não combina com o resto da música", afirma o maestro. A decisão tem base na opinião de muitos estudiosos. Há quem afirme que já na época de Mozart se faziam apresentações sem este trecho. Mas também há quem considere o corte absurdo. Para ter uma opinião, o melhor mesmo é ver e ouvir a partir de hoje à noite, no Guairão.

Serviço: Don Giovanni. Guairão (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3315-0979. Música de Wolfgang Amadeus Mozart. Libreto de Lorenzo da Ponte. Regência de Alessandro Sangiorgi. Direção cênica de Francisco Moura. De hoje a sábado às 20h30 e domingo às 18 horas. Ingressos a R$ 20 (platéia), R$ 15 (1.º balcão) e R$ 10 (2.º balcão).

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