• Carregando...
Pagando Bem Que Mal Tem?: Seth Rogen e Elizabeth Banks vivem um casal de amigos se apaixonam ao particicpar de um filme pornô | Divulgação
Pagando Bem Que Mal Tem?: Seth Rogen e Elizabeth Banks vivem um casal de amigos se apaixonam ao particicpar de um filme pornô| Foto: Divulgação

Kevin Smith faz filmes para uma meia dúzia de amigos. Experi­mente ler os créditos finais – cheios de piadas internas, agradecimentos originais e comentários sobre o que público acabou de assistir. É a ideia de ser universal retratando a própria aldeia. Desde O Balconista, o cineasta cria histórias com referências que remetem a pequenos mundos: a videolocadora, o estúdio de histórias em quadrinhos, o shopping center, ou o encontro de fãs de Star Wars.

Em Pagando Bem Que Mal Tem?, já disponível em DVD, o cenário é uma cafeteria administrada por um indiano numa cidadezinha americana fria como a Sibéria. Zach Brown (Seth Rogen) trabalha no lugar, não tem um tostão no bolso e divide o apartamento com Miriam Linky (Elizabeth Banks), sua amiga desde o primário.

Os dois têm uma relação diferente. Vivem juntos, mas não são, nem nunca foram, namorados. Nem sequer transaram ou se beijaram.

Miri também perde tempo em um subemprego qualquer. Os dois levam a rotina adiando o pagamento de contas o quanto podem. Até que começam os cortes de água, luz e gás. A situação fica insólita e eles têm de fazer uma fogueira na sala, queimando madeira e papel para não morrerem congelados.

Como acabaram de sobreviver a um encontro com ex-colegas de escola – vendo quem casou, teve filhos ou se tornou milionário –, eles vão a um bar dispostos a en­­cher a cara e dar um tempo nas frus­­­­­trações. Conversa vai e vem, eles têm uma ideia para sair da pindaíba: fazer um filme pornô.

O raciocínio de Zach é coerente. Se os dois transarem diante das câmeras, existem centenas de ex-colegas que pagariam alguns dólares para vê-los em ação (os mesmos que viram no baile daquela noite). Zach e Miri não têm pai nem mãe e, nas palavras dele, perderam a dignidade faz tempo.

Os desdobramentos do filme são absurdos e divertidos – imagine que eles querem fazer uma versão pornô de Guerra nas Estrelas – e, como se trata de uma comédia romântica, Zach e Miri vão se apaixonar (ao transarem).

Kevin Smith usa uma receita conhecida – homem e mulher se amam, mas existe algo que os impede de ficar juntos – e acrescenta ingredientes incomuns – pornografia (mas não há nada explícito), piadas eróticas e um casal de protagonistas que foge dos padrões.

Elizabeth Banks (Miri) é bonita, mas faz o papel de uma perdedora. Numa das melhores passagens do filme, ela tenta dormir com o rapaz por quem era apaixonada na escola e descobre que ele é gay. O fato de o tal rapaz ser interpretado por Brandon Routh, o novo Super-Homem, torna a situação impagável.

Seth Rogen (Zach) faz parte da nova geração de atores cômicos dos Estados Unidos. Ele é o sujeito que vai se tornar pai em Ligeiramente Grávidos, meio gordo e desleixado – características que definem também Zach.

Sim, os amigos vão ficar juntos no final, mas o que vale em Pagando Bem Que Mal Tem? é o como isso vai acontecer.

A mão de Kevin Smith para diálogos é ótima. Preste atenção nas conversas de Zach com seu colega de cafeteria sobre casamento e sexo.

Ao contrário do que acontece em seus outros longas-metragens, Smith não aparece neste – normalmente, ele faz pontas como Silent Bob, um sujeito que não abre a boca. Mas seu capanga Jay (Jason Mewes, uma espécie de assinatura do diretor, que o coloca em todos os filmes que faz) está lá como um candidato a ator pornô barra-pesada. GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]