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Tentativa de Realizar Algo Urgente e Minimamente Audacioso – Trauma. É com esse proposta/esboço de movimento cinematrográfico que o paulistano Alexandre Stockler estréia em longa-metragem com Cama de Gato, filme que entra esta semana na programação de Curitiba no Unibanco Arteplex do Shopping Crystal.

O jovem diretor realizou a produção com pouquíssimos recursos – confirmou no Festival de Brasília 2003, onde a fita estreou, ter gasto míseros R$ 13 mil para realizar o trabalho, conseguindo depois mais R$ 70 mil para fazer o transfer de vídeo para película 35mm –, contando com a ajuda de vários amigos, entre eles o ator global Caio Blat, que interpreta um dos personagens centrais da história.

A trama fala de uma trio de amigos da classe média paulistana. Recém-ingressados na faculdade, eles têm um dia trágico, em que as coisas fogem completamente do controle, envolvendo-se em crimes, incluindo assassinatos. A produção é marcada por uma longa cena de estupro. Depois de um tempo, vira uma comédia de erros com humor negro.

Stockler é pretensioso em suas declarações e aposta que fez um grande filme. Se a análise for feita puramente pensando-se em cinema, o trabalho não se sustenta muito, tanto pela precariadade com a qual foi realizado, como pela intenção de ser um retrato da juventude perdida do país atualmente (em qualquer tempo, em muitos aspectos, qual não é?) – para confirmar isso, o diretor inclui na produção depoimentos reais de jovens paulistanos, que comentam as ações dos personagens da trama, mostrando que repetiriam algumas de suas perigosas atitudes. As discussões "cabeça" do trio central são risíveis em muitos momentos.

Mas Stockler tem a tal da atitude. Decidiu fazer um filme e foi em frente. Não ficou parada reclamando de verbas, de dificuldades. E conseguiu colocá-lo na principal mostra competitiva de filmes do país (Brasília). Seu filme incomoda o espectador, não há como ficar impassível diante dele, mesmo que a reação seja negativa. Nesse aspecto, sua pretensão não é defeito. Vale prestar atenção nos próximos projetos do diretor. Pode ser apenas fogo de palha, mas ele parece ter condições de fazer algo realmente audicioso e urgente, como prega. (RF) GG1/2

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