
Música gravada por Maria Bethânia. Parcerias com Zé Rodrix (uma delas empresta título ao mais recente álbum de Nasi, ex-Ira!). Roteirista disputada para estabelecer as diretrizes de espetáculos de artistas que fazem MPB em Curitiba.
Há 15 anos, tudo isso nem fazia parte dos planos de Etel Frota, mas hoje é realidade.
Etel construiu trajetória na medicina. Atuava em clínica geral. Até que, na década de 1990, começou a participar de cursos livres no Conservatório de MPB de Curitiba.
O maestro e arranjador Marcos Leite (1953-2002), depois de ler poemas de Etel, disse uma frase que seria decisiva na travessia da então profissional da saúde: "Você pode até ser uma boa médica, mas nasceu para escrever, para fazer canção, você é escritora. Etel, a sua missão na Terra é criar linguagem, poesia e prosa".
As palavras do mestre Leite ainda ecoam no imaginário de Etel.
Em 1997, a profecia do maestro começava a se confirmar.
Naquele ano, duas composições de Etel, feitas em parceria, ficaram em primeiro e segundo lugar em um festival promovido pelo Sesc da Esquina. A campeã foi "Fim de Tarde" (com Luiz Otávio Almeida) e "Medo de Amar" (com Iso Fischer) ficou com a medalha de prata.
Fato após fato, tudo apontava para uma evidência: o caminho de Etel parecia mesmo estar relacionado com a palavra escrita (e cantada).
Mas as transições, todos sabem, nem sempre são suaves e fáceis.
Em 1997, já aposentada pelos serviços prestados como médica no Banco do Brasil, Etel decidiu se afastar da área de sáude. Fez as contas e percebeu que não valeria mais a pena continuar clinicando apenas nas terças e quintas. Afinal, todos os outros dias eram da música, do verso e da prosa.
Mas, então, veio a roda-viva. O destino, sem pedir licença, bateu em sua porta. O chão ruiu: o marido faleceu e 1998 foi um ano para colocar à prova a capacidade de Etel de viver num mundo que, às vezes, pode parecer inimigo.
Idas e voltas
Em 1993, Etel, ainda médica, teve um surto de poesia. Escreveu muito. Mas o que foi parar dentro de uma gaveta parecia exigir leitura. Depois de muita transpiração, reescrita contínua, enviou aqueles originais para o poeta Thiago de Mello. O ano seguia e, numa tarde, chegou uma carta em sua caixa de correio. O remetente, da Amazônia, era o poeta que ela sempre admirou. Além de poucas, mas importantes, dicas, havia uma sugestão: Etel deveria ter respeito pela sua poesia, pois, na opinião de Mello, os versos dela tinham muito valor.
Aquele conteúdo foi a matéria-prima de Artigo Oitavo, um livro com CD, artigo elaborado durante os anos 2000 e 2001, e publicado no dia 5 de maio de 2002, data em que Etel completava 50 anos.
A partir daquele dia, com aquela obra, começava uma nova vida para Etel. Hoje, ela analisa que pendurou o estetoscópio de médica quando estava no auge. Estava pronta para ser feliz para sempre.
Esquinas da infovia
Durante a nova "encarnação", Etel entendeu que a internet poderia ser um trampolim para o infinito. E foi em uma esquina da infovia que ela conheceu Consuelo de Paula, com quem iria compor "Sete Trovas", canção gravada por Maria Bethânia (parceria que também leva o nome de Rubens Nogueira).
A grande rede www também foi responsável pelo encontro de Etel com os músicos suecos da banda A Bossa Elétrica. Os europeus ficaram encantados com as canções que têm a assinatura de Etel Frota. O entusiamo foi tanto que cinco ou seis canções do próximo álbum do conjunto terão letras de Etel. Curioso é que os suecos não falam português: eles decoram a sonoridade para cantar os textos poéticos inventados pela artista paranaense.
Os próximos oito meses de 2010 serão de muita atividade para Etel. Ela finaliza o romance Cormorant, a obra infanto-juvenil A Menina Que Engoliu uma Estrela, entre muitos outros projetos.
Questionada a respeito de como ela mesma se define, Etel pronuncia uma única palavra: "costureira". "Gosto de juntar gente", diz.
Nos próximos dias, ela entrega ao cantor e compositor Fábio Elias uma canção inédita que fez com Zé Rodrix. "Olha aí, estou unido Zé Rodrix ao Fábio Elias. Não é algo bem bacana?", finaliza.



