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Mesmo com uma obra vasta, Jesus Santoro teve o trabalho pouco divulgado em vida | João Urban / Divulgação
Mesmo com uma obra vasta, Jesus Santoro teve o trabalho pouco divulgado em vida| Foto: João Urban / Divulgação

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Jesus Santoro – A Revelação de um Mestre

Hall da Secretaria de Estado da Cultura (R. Ébano Pereira, 340 – Centro), (41) 3321-4700. Inauguração hoje, às 19 horas. Visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. Entrada gratuita. Até 15 de março de 2013.

O estilo e a visão autoral do fotógrafo Jesus Santoro (1924-2003), um dos mais influentes do Paraná, sempre andaram juntos com o seu trabalho, mesmo os feitos sob encomenda por grandes empresas (fotografou, por exemplo, as obras de instalação da Refinaria do Paraná, a Repar, em Araucária, na década de 1970). Porém, sua obra, que é guardada no Museu da Imagem e do Som (MIS) – são cerca de 23 mil negativos no acervo – é quase desconhecida. Em vida, suas imagens também foram pouco disseminadas e, para tentar preencher um pouco da lacuna, o fotógrafo João Urban organizou a exposição Jesus Santoro – A Revelação de um Mestre, que será inaugurada hoje, às 19 horas, no hall da Secretaria de Estado da Cultura (Seec). É a primeira mostra da obra do fotógrafo (veja o serviço completo da exposição no Guia Gazeta do Povo).

Estão na exposição cerca de 31 fotografias de paisagens, retratos e imagens de sua produção comercial. Dos 23 mil negativos existentes, o MIS selecionou 1 mil para que Urban escolhesse os que iriam para a mostra, que não segue uma linha restrita. "Não sabemos ainda qual o lado mais forte do Santoro, mas a paisagem é bastante recorrente", diz o curador.

Cultura

Santoro, frisa Urban, foi uma pessoa bastante envolvida com a cultura de Curitiba: convivia muito com artistas plásticos, conhecia as histórias de Miguel Bakun (pintor pioneiro da arte moderna do Paraná) e dirigiu a fotografia do primeiro filme de Sylvio Back, As Moradas (1964).

Também era sócio do fotógrafo Francisco Kava em um estúdio fotográfico, a Prisma Realizações, até meados dos anos 1970. Foi por conta da Prisma que Urban conheceu Santoro. Jovem, emprestava o estúdio para revelar as fotos que fazia de passeatas estudantis e protestos contra a ditadura militar. "Eu colaborava para a resistência e revelei muita coisa lá. Ele sempre abriu espaço e me dava dicas sobre as fotos que eu fazia. Santoro proporcionou não só para mim como para outros jovens fotógrafos da época, um ensinamento sem reservas. Era um cara muito generoso", relata Urban.

Abandono

A pouca divulgação do trabalho de Jesus Santoro se deve, provavelmente, ao fato de o fotógrafo ter saído da área. Depois do fim da sociedade com Kava, fez trabalhos esporádicos, mas acabou investindo em restaurantes, e chegou a ter três estabelecimentos na cidade. O novo ofício, porém, não durou muito. "Por uma decepção que não se conhece, Santoro largou tudo e foi viver no sítio de um amigo na Serra do Mar", conta Urban. Retirado, fazia esculturas, vendia milho cozido na beira da estrada e recebia poucos amigos. Morreu só, em 2003. "Ele tem um trabalho vasto, ainda há muito para ser descoberto", salienta o curador.

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