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Antonio Márquez é considerado o melhor bailarino de flamenco da atualidade | Divulgação/Verinha Walflor
Antonio Márquez é considerado o melhor bailarino de flamenco da atualidade| Foto: Divulgação/Verinha Walflor

Quando foi lançado no Festival de Cannes do ano passado, Maria Antonieta, terceiro filme de Sofia Coppola – e que finalmente estréia em Curitiba neste fim de semana –, foi quase massacrado pela crítica do evento e principalmente pelos franceses, que não gostaram nem um pouco das liberdades que a cineasta norte-americana tomou com um dos principais nomes de sua história.

Ao que parece, a proposta da filha de Francis Ford Coppola não foi muito bem entendida. Mesmo relatando alguns fatos históricos, Maria Antonieta não é uma cinebiografia da nobre austríaca que muito jovem foi concedida em casamento para o futuro rei da França, Luís XVI, quando tinha apenas 14 anos, e que ficou célebre pela famosa frase "Se o povo não tem pão, que coma brioche", em relação aos pobres que passavam fome na França do fim do século 18, a qual, na verdade, nunca teria dito.

Tendo como ponto de partida a biografia Maria Antonieta (Record), da historiadora britânica Antonia Fraser, Sofia aborda a personagem histórica sob a ótica da solidão feminina, tema de seus filmes anteriores, os ótimos As Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros.

No filme, Maria Antonieta – vivida por uma inspirada e bela Kirsten Dunst – é uma garota ingênua, jogada em mundo completamente desconhecido e hostil a ela, repleto de regras e etiquetas, que acabam se revelando verdadeiras futilidades e afetações. Para aumentar seu isolamento na corte de Versalhes, ela não consegue atrair sexualmente o marido Luís XVI – o talentoso Jason Schwartzman, uma feliz escolha para o papel –, que demora a consumar o casamento. Cobrada por todos os lados para ter um filho – pelos franceses e pela família na Áustria – e com os todos os passos definidos e observados pela condessa de Noailles (Judy Davis), Maria Antonieta se rebela e decide curtir os prazeres e frivolidades da nobreza.

Nesse momento, cai como uma luva a trilha sonora idealizada por Sofia Coppola, com muita canções da new wave e do pop-rock dos anos 80 (de grupos como Bow Wow Wow, New Order e Adam and the Ants), década marcada pelo individualismo e uma certa postura niilista. O restante da trilha inclui música clássica, eletrônica e também o rock contemporâneo do The Strokes. O requinte da produção, que teve cenas filmadas no Palácio de Versalhes, teve seu reconhecimento com o Oscar de melhor figurino.

O filme perde um pouco de ritmo no final, ficando preso demais aos fatos que levaram à queda da monarquia francesa – poderia ter soltado de vez as amarras de ser fiel à História –, mas é outro ótimo trabalho de uma talentosa e sensível diretora que imprime cada vez mais sua marca no cinema.

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