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Julio Iglesias curitibano: cantor já deu canja em boate boêmia e teve um grande amor na cidade | Divulgação
Julio Iglesias curitibano: cantor já deu canja em boate boêmia e teve um grande amor na cidade| Foto: Divulgação

Entrevista

"Música é o alimento mais importante para a alma"

As duas apresentações de Julio Iglesias no Teatro Guaíra, nas próximas quartas-feiras, dias 1º e 8 de outubro, podem ser as últimas do cantor em Curitiba. "Não vou me aposentar, vou cantar para sempre. Mas acho que nunca mais voltarei a fazer uma turnê tão grande", avalia.

Iglesias está na estrada desde 2013, divulgando seu mias recente disco 1. A ideia do cantor é viajar para todos os continentes e tocar no maior número de cidades possível. No repertório dos shows estão seus grandes sucessos, como "Hey", "Crazy" e "Manuela", além de uma sessão especial dedicada à música brasileira. A julgar pelo show que fez em São Paulo, no dia 19, não vão faltar "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, "Dois Amigos", música que compôs para Zezé Di Camargo & Luciano, e "Mal Acostumado", do grupo baiano Araketu. Leia abaixo uma entrevista exclusiva do cantor à Gazeta do Povo sobre a turnê, o futuro da música romântica e seu segredo para conquistar as mulheres.

O senhor está em uma turnê gigante. É sua despedida dos palcos?

Não. Seguirei cantando. Mas sei que há lugares para os quais talvez não voltarei. Estou muito feliz de ir a Curitiba novamente. Nesta turnê vou cantar em lugares grandes, para milhares de pessoas, o que também é muito bom, mas confesso que adoro cantar aí cantar no lindíssimo Teatro Guaíra.

Em toda a sua carreira, o senhor teve uma relação muito próxima com o Brasil, certo?

Sim. Estou dentro da alma dos brasileiros e os brasileiros na minha alma. Creio que esta turnê vai restabelecer minha relação com o povo brasileiro e seus filhos e com os netos das pessoas que me ouviram. O que está acontecendo nos concertos é ver três gerações ouvindo o show.

É verdade. Minha avó e minha mãe eram suas fãs, eu mesmo sempre escutei suas músicas...

Você me ouve um c#$*! (risos).

Sem contar seu filho, Enrique Iglesias, o senhor enxerga um sucessor para Julio Iglesias no trono da canção de amor mundial?

Não sei. Nós cantores não somos seres especiais. Somos apenas pessoas que souberam juntar muitas coisas pequenas da vida e de um jeito fantástico chegamos à alma de muita gente. Histórias pequenas de amor ou desamor que contamos a seu pai e a sua mãe. E, com elas, eles viveram, sentiram, se apaixonaram e foram felizes.

Há lugar para a música romântica no mundo atual?

Sempre vai haver. A música é uma maneira de juntar as almas sem nos magoarmos. Porque a música é para juntar as pessoas, inclusive quando cantamos o desamor. São histórias que estão nas almas das pessoas e assim seguirão para sempre. As pessoas não podem viver sem comer música. É o alimento mais importante para a alma.

O que o senhor gosta de ouvir em casa?

Hoje em dia, o que eu gosto de ouvir é o som dos meus filhos pequenos que me perguntam muitas coisas [o cantor, em seu segundo casamento, é pai de oito filhos].

O senhor é famoso por ser um dos maiores conquistadores de todos os tempos. Tem ideia de quantas mulheres já amou?

Tive sorte neste ponto. Mas um homem que lembra e fala de números não é um homem. Além do mais, quando alguém soma, sempre soma errado.

Qual é o segredo de Julio Iglesias com as mulheres? O senhor pode nos contar?

Respeitá-las. Sempre e sempre e cada vez mais. E estar pronto para saber amá-las.

Programe-se

Julio Iglesias

Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº), (41) 3304-7982. Dia 1º de outubro, às 21h30, e dia 8 de outubro, às 21h15. Ingressos de R$ 156 a R$1.006, de acordo com o setor, à venda pelo serviço Disk Ingressos (diskingressos.com.br). Assinantes da Gazeta do Povo têm 30% de desconto na compra de até quatro bilhetes por titular. Classificação indicativa: livre.

300 milhões de discos vendeu o cantor Julio Iglesias em todo o mundo em 45 anos de carreira.

Uma das mais célebres e divertidas "lendas urbanas" da mitologia local ganha hoje a sua versão definitiva. O cantor espanhol Julio Iglesias, artista latino que mais vendeu discos na história, o latin lover que seduziu três gerações de mulheres no mundo todo, confirmou em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo que realmente cantou algumas de suas músicas numa incógnita "canja" no Gato Preto, o mais tradicional reduto boê­mio no bas-fond do Centro de Curitiba.

"Cantei, cantei e cantei. Me lembro perfeitamente, como se fosse ontem. Caminhei até lá, entrei no local e cantei algumas músicas com o pianista que estava tocando por lá", afirma Julio.

O astro conversou com a reportagem na semana passada, pelo telefone de sua casa na paradisíaca praia caribenha de Punta Cana, na República Dominicana. No dia seguinte, o cantor embarcou para São Paulo, para dar início àquela que possivelmente será sua última grande turnê pelas capitas brasileiras.

Dois concertos estão marcados no Teatro Guaíra, o primeiro na próxima quarta-feira, dia 1.º de outubro, e uma apresentação extra no dia 8.

Amável e bem-humorado, o cantor se diverte com o fato de que seu passeio noturno pelo Centro tenha virado lenda. Disse não se lembrar de mais detalhes – como quais músicas cantou – mas concorda que sua inusitada performance pode ter ocorrido durante sua turnê em 1998.

E explica que o motivo de manter uma lembrança tão viva do episódio é o fato de Curitiba ser uma "cidade muito especial", para ele."Tenho um carinho muito grande [por Curitiba]. Por muitas razões. Em especial, porque tive aí um grande amor, que eu adorava. Imagino que ela ainda viva na cidade", suspira.

"Também por isso, é uma das poucas cidades das quais lembro do hotel, do restaurante, das ruas, das pedras nas calçadas. Uma cidade moderna, interessante, contemporânea. Possivelmente, a mais organizada do Brasil", afirma.

Aos 71 anos, Julio Iglesias é o astro mais superlativo em atividade na linhagem dos grandes cantores românticos do século 20. Detentor de todos os recordes possíveis em seu segmento. Seus 80 discos – álbuns de carreira replicados em vários idiomas, coletâneas, e registros ao vivo – venderam mais de 300 milhões de cópias em todo o mundo. O que lhe rendeu mais de 2,6 mil discos de ouro, platina e diamante. "Foi meu pai que comprou a metade", brinca o cantor.

Estima-se que mais de 60 milhões de pessoas já tenham assistido (incluindo os "gatos-pretos pingados" daquela noite em 98) a seus mais de cinco mil shows na carreira iniciada há 45 anos.

"As coisas simplesmente aconteceram. Não houve um dia em que me levantei e pensei ‘vamos fazer isso, cantar esta música, porque as pessoas do mundo todo vão comprar’. Não funciona assim", analisa.

Em tom filosofal, ele diz que as dúvidas que sempre cultivou sobre o próprio trabalho o impulsionaram ao sucesso. "Na vida de um artista é essencial. É a parte mais criativa que te impulsiona a melhorar. A dúvida sempre faz com que o esforço seja maior, pois você tem a ideia de que ele o libertará", observa.

Julio se diz realizado e afirma ter apenas um arrependimento na carreira: "Não ter aprendido antes".

O tema lhe dá oportunidade de expor sua teoria para uma revolução no sistema educacional que gostaria de ver implementada em escala mundial. "Uma das coisas mais importantes do mundo seria uma cátedra que falta em todas as escolas e universidades. Uma cadeira sobra a vida. O nome da disciplina seria ‘Eu’", propõe.

"Funcionaria assim: o professor chegaria na sala de aula e falaria: ‘Juanito, vamos saber um pouco de você’. O professor ajudaria as crianças a descobrir quem são, de onde vêm e o que pensam e sonham. Desde a genética, até se você pode comer sal, se a família tem histórico de cardiopatias. Depois de saber do corpo, se investiga a alma. Se você conhece os próprios corpo e alma antes dos outros, sai na frente", avalia.

Ele mesmo se questiona se tivesse sido submetido a processo semelhante teria se tornado uma estrela do showbiz internacional. "Não sei. Não acredito nas teorias deterministas, de que as pessoas nasçam destinadas a fazer algo. Um homem é um homem e suas circunstâncias", filosofa, citando o compatriota Ortega y Gasset (1883-1955). "As circunstâncias nos fazem redefinir as coisas na nossa vida", afirma.

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