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São Paulo – Parece Libertines com uma cantora no lugar de um cara. Parece Pulp também, e a mulher canta que nem a PJ Harvey. The Long Blondes, quinteto inglês de Sheffield, está causando frisson com sua estréia, o disco Someone to Drive You Home (Trama), que revela uma estupenda vocalista, Kate Jackson, e um novo e febril cérebro pop na música britânica, o tecladista, guitarrista, cantor e compositor Dorian Cox.

"Só quero ser o seu docinho" ("I just wanna be your sweetheart"), berra Kate em "Lust in the Movies", reencarnando a musa da pop art de Andy Wharol, Eddie Sedgwick. E as letras com um apelo meio camp vão ganhando o ouvinte, até a rendição absoluta com "Heaven Help the New Girl".

O líder do grupo, Dorian Cox, falou por telefone, de Londres, sobre a comparação com a banda Pulp. "É maravilhoso! Sou um grande fã do Pulp, não vejo problema algum. Mas, sendo honesto: o som é muito diferente, apesar de termos a mesma atitude. Aí fora, no mundo da indústria musical, é preciso comparar as coisas para que as pessoas possam ter alguma idéia do que se trata, mas não é preciso", disse

Sobre o fato de as canções do disco e as roupas, que parecem conduzir sempre a uma sensação de que a banda está nos anos 50, Cox diz que é fascinante procurar coisas sonoras, luminosas, no passado. "Há também anos 40 ali, e anos 60. É bacana imaginar que a gente está em um outro mundo, mais elegante, cavalheiresco. Esse universo chega a nós por meio dos filmes, da música. Tentamos evocar aquela fascinação."

A canção "Once and Never Again" tem o refrão: "Dezenove, você só tem 19, pelo amor de Deus! Você não precisa de um namorado". O verso pode levar à conclusão de que a banda esteja tentando se tornar uma espécie de conselheiro sentimental para adolescentes. Cox não se incomoda com essa possibilidade. "É importante ter esse tipo de habilidade para transformar em letras e canções alguns sentimentos típicos da adolescência, que não é sempre que encontram tradução", justifica.

No fim de 2005, The Long Blondes foram pessoalmente convidados para abrir shows do Franz Ferdinand. Para Cox, foi um grande acontecimento tocar com a banda escocesa. "Foi só a partir dali que nos demos conta de que outras pessoas olhavam o que nós fazíamos, que tinha gente importante nos shows. Nós adoramos o Franz Ferdinand", diz.

A canção "Someone to Drive You Home" parece ter sido feita por uma mulher, tem um ponto de vista feminino. Mas foi composta por um homem. Sobre esse tipo de transmutação, Cox diz não ser difícil. "Mas também não é fácil, você tenta explorar aquilo que sua sensibilidade lhe revela sobre o outro, seja ele homem ou mulher. Eu, pessoalmente, acho que as mulheres são muito mais interessantes, então às vezes eu pareço me sentir tão à vontade no mundo delas."

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