• Carregando...
Veja a temperatura em sua região |
Veja a temperatura em sua região| Foto:

A fotógrafa Diane Arbus era um freak no corpo de uma bela mulher. Foi preciso que se mudasse para seu prédio, na Nova Iorque dos anos 50, um homem coberto de pêlos, da cabeça aos pés, para que se percebesse linda demais para si mesma. E mergulhasse de cabeça num mundo de imperfeições e anomalias, em cujo fundo encontrou a sua verdade, uma estranha forma de ser feliz.

A Pele, filme de Steven Shainberg, tem muito a ver com o longa-metragem anterior do cineasta, o ótimo – e subversivo – Secretária.

Ambos falam de mulheres que não se sentem encaixadas no mundo onde vivem. Esse desencaixe gera angústia, tristeza, depressão. A possibilidade de libertação desse estado apenas vem quando percebem que, como de perto ninguém é normal, a felicidade está onde você a encontra. No caso da protagonista de Secretária, em uma relação sado-masoquista com o patrão. Já em A Pele, a revelação se dá aos poucos, em uma jornada sem volta da protagonista por seu inconsciente e na identificação que sente com um submundo de seres estranhos, como anões de circo, gigantes, mulheres sem braços que tocam violoncelo, transformistas septuagenários.

Nikole Kidman, no papel de Diane, é capaz de causar um estranhamento ainda maior do que a história já sugere. Paradigma de beleza e elegância no cinema contemporâneo, a atriz empresta sua fina estampa a uma mulher imersa em profunda dor que renega a perfeição em nome do autoconhecimento. Por isso, A Pele é um filme importante, ainda que imperfeito. GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]