A vida não segue roteiro

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Na história dos filmes adaptados de livros, as produções extraídas de obras de auto ajuda integram um fenômeno recente. A comédia O Que Esperar Quando Você Está Esperando talvez seja um dos mais tecnicamente bem- sucedidos da safra, embora não empolgue tanto. O filme é leve e carrega a moral familiar e os ensinamentos do livro homônimo da norte-americana Heidi Murkoff, num enredo amarrado que conta a história de quatro casais à espera do primeiro filho.

A atriz Cameron Diaz interpreta Jules, uma personal trainer midiática que engravida de seu namorado e se descobre intolerante com pequenos detalhes, como o nome da criança ou a escolha sobre fazer ou não a circuncisão, recusando-se a discutir os assuntos; Elizabeth Banks é Wendy, a teórica da gravidez que não mede esforços para romantizar o "momento mágico" de gerar uma vida dentro de si, apenas para descobrir que, na prática, existe muito menos glamour e muito mais dor. Para piorar, seu marido Gary (Ben Falcone) frustra-se com seu competitivo pai, o ex-piloto de corrida Ramsay (Dennis Quaid), casado com uma jovem de vinte e poucos anos que engravida de gêmeos na mesma época que Wendy, e parece não sofrer com nenhum dos problemas frequentes que a torturam diariamente. Jennifer Lopez e o brasileiro Rodrigo Santoro fazem o jovem casal Holly e Alex, que aguardam pacientemente a fila da adoção, enquanto ela tenta estabelecer sua vida profissional e ele espera, sem muita convicção, ser arrebatado pelo deleite da paternidade de que tanto se fala e, para tentar se enturmar com a futura nova vida, acaba ingressando num hilário clube dos papais. Por fim, há a jovem Rosie (Anna Kendrick), que trabalha em uma lanchonete móvel e engravida em um caso de uma noite com uma ex-paixão do colégio e precisa encarar o desafio repentinamente.

Todas as histórias carregam consigo a lição de que a gravidez, por mais que se queira planejar, pode ser tão inesperada e caótica quanto viver sem qualquer roteiro. A resolução dos conflitos do filme, entretanto, é um tanto irregular. Enquanto alguns guardam a redenção que se espera, outros apenas mascaram ou postergam o problema. O excesso de lições de moral do longa tira boa parte de sua graça, e o resultado é uma produção morna, educativa sobre o psicológico dos pais e minimamente divertida. GG