Na última década, na contramão de certa pasteurização e, sobretudo, redução do texto jornalístico ao essencial da notícia, os textos de Eliane Brum primeiro no jornal Zero Hora, onde manteve a coluna "A Vida Que Ninguém Vê", e desde o começo desta década em reportagens especiais para a revista Época são raridades pela beleza "literária" e pelo aprofundamento dos temas, encharcados de humanidade. Mas, na entrevista a seguir, a repórter contrapõe ao glamour que se atribui à sua escrita aquilo que, segundo ela, é básico em reportagem: trabalho duro. "Não há liberdade poética em jornalismo", pondera.
Já Sérgio Rodrigues também jornalista, com passagens por quase todos os grandes veículos de comunicação do país passou definitivamente para o lado da ficção. Mas foi a partir da encomenda de um livro-reportagem que acabou nascendo seu trabalho mais recente, Elza, a Garota (Nova Fronteira) um coquetel misturando ensaio e romance, em que capítulos em itálico indicam o discurso jornalístico e a narrativa de um personagem cativante, Xerxes, sem a marcação gráfica, avisa o leitor de que, ali, caminha-se sobre terreno literário. Não satisfeito, o autor conforme conta nesta entrevista decidiu acrescentar, ao final do romance, uma nota explicando o recurso usado para cruzar ficção e reportagem. Talvez nem precisasse: é esse mesmo, afinal, o rumo virtuoso tomado pelo gênero em anos recentes.



