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Adriana Lisboa: livro fala sobre o desenraizamento | Leonardo Muñoz/EFE/Arquivo
Adriana Lisboa: livro fala sobre o desenraizamento| Foto: Leonardo Muñoz/EFE/Arquivo
  • Romance: Hanói- Adriana Lisboa. Alfaguara, 240 págs., R$ 39,90.

Em tempos de globalização, quando as fronteiras são facilmente transpostas, é fácil encontrar brasileiros viajando ou até vivendo nos cantos mais remotos do planeta. A literatura nacional busca se adequar a esses novos hábitos. A vida sem amarras, sem vínculos pátrios, serve de inspiração para os escritores, que ambientam suas histórias em várias partes do mundo. O leitor, acostumado a reconhecer sua cidade em um texto, enfrenta dificuldades de se situar. O que causa uma certa estranheza.

Esse é o caso de Hanói, de Adriana Lisboa. O livro trata do desenraizamento, das dificuldades enfrentadas por estrangeiros nos Estados Unidos e dos obstáculos para se inserir na cultura norte-americana. A história se passa em Chicago, onde vive David, um brasileiro de 30 e poucos anos, filho de uma imigrante mexicana que toca trompete e é apaixonado por jazz.

Após descobrir que tem uma doença incurável, David decide deixar para trás o que ele considera desnecessário, em um aprendizado de desprendimento que o pouco tempo de vida proporciona. David não quer dar trabalho para ninguém. A descrição da cena do médico contando a ele sobre o seu estado de saúde é angustiante, sendo impossível o leitor não se ver na mesma situação e refletir o que faria ao receber uma notícia como essa.

Caminho

Na busca por encontrar um novo sentido para a sua vida, David cruza o caminho de Alex. Descendente de vietnamitas, mãe solteira, ela tenta conciliar estudo e maternidade, trabalhando para um mercado que atende a colônia de imigrantes do Vietnã. Alex ajuda David a escolher seu destino final: Hanói, a capital do Vietnã. Para criar Alex, Adriana Lisboa pesquisou sobre filhos de mulheres vietnamitas com soldados norte-americanos durante a Guerra do Vietnã (1955-1975). Vale lembrar que a carioca Adriana mora em Chicago atualmente.

Hanói segue na trilha dos últimos livros da escritora, que se interessa há algum tempo pelo tema do deslocamento. Rakushisha (Rocco) é ambientado no Japão e fala dos brasileiros que para lá seguiram para fugir da crise econômica e do desemprego no Brasil nos anos 1990 e da questão da incomunicabilidade entre as duas culturas. Azul Corvo (Rocco) foi escrito quando a autora já vivia nos EUA e foca na questão dos imigrantes brasileiros na terra do Tio Sam.

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