A vingança dos perdedores

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A sociedade norte-americana pode ser um tanto esquizofrênica. Ao mesmo tempo em que estimula a competição e idolatra os vencedores, também alimenta o mito de que o céu é o limite para qualquer um disposto a perseverar. A comédia Os Estagiários leva esse ideário às últimas consequências.

Billy McMahon (Vince Vaughn, também um dos roteiristas e produtores do filme) e Nick Campbell (Owen Wilson) são dois vendedores sem qualquer formação acadêmica que, de uma hora para outra, se veem na rua da amargura. Com a crise econômica, a empresa para a qual trabalham fecha as portas e os deixa na pior, aos 40 e tantos anos.

O futuro parece sombrio até que McMahon resolve inscrever ele e o melhor amigo no programa de trainees do Google. Detalhe: nem um nem outro tem qualquer experiência, ou conhecimento, na área da tecnologia.

Por um capricho do destino, típico do cinema norte-americano, os dois são selecionados, apesar de serem bem mais velhos e não terem credenciais que os qualifiquem para participar do curso, ao lado de nerds oriundos de algumas das melhores universidades dos Estados Unidos e de outras partes do mundo. Ganham uma chance em nome da diversidade – em uma evidente piada dos roteristas em relação aos tempos politicamente corretos em que vivemos.

Embora fadados a naufragar sem cerimônia, aos poucos, Billy e Nick vão conquistando espaço, ao se associarem a um grupo de jovens que ninguém quer nas demais equipes. Ensinam a seus companheiros de time que um pouco de humanidade e capacidade de improviso podem se tornar ferramentas valiosas em um mundo tecnicista e desprovido de pessoalidade.

Billy, para se ter uma ideia, vai buscar no musical Flashdance – Ritmo Quente (1983), sucesso de bilheteria dos anos 1980, inspiração: o filme de Adrian Lynne conta a história de uma operária da indústria metalúrgica, vivida por Jennifer Beals, que sonha se tornar bailarina. E consegue.

Algumas boas piadas e, sobretudo, o carisma dos protagonistas, Vaughn e Wilson, que já fizeram juntos Penetras Bons de Bico (2005), conseguem salvar Os Estagiários, de Shawn Levy, do desastre. Mas não vá ao cinema esperando grande coisa. É mais do mesmo. GG1/2