A Viúva Alucinada em mamulengo

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Uma mulher triste com sua viuvez resiste a todas as tentativas dos que querem alegrá-la, até o momento em que cai no samba, levada por um compadre. Dali em diante a viúva alucina e desafia a tudo e a todos, incluindo o próprio Diabo, que quer levá-la para o inferno. Partindo da mitologia clássica – o amado que vai resgatar o seu amor no inferno –, o grupo Mundaréu apresenta As Aventuras de uma Viúva Alucinada em nove escolas municipais de Curitiba.

A peça resgata de maneira lúdica o mamulengo do Nordeste – e mais especificamente o de Recife – tradição que une elementos da improvisação, música, bonecos, misturas de personagens e a relação entre palco e platéia.

O projeto conta com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e tem apresentações marcadas para os meses de agosto e setembro. Até o momento, já foram realizadas quatro montagens em escolas municipais, principalmente para turmas de 7.ª e 8.ª séries do Ensino Fundamental. O objetivo é atingir cerca de 2 mil alunos da rede pública.

"Na cultura popular não se faz essa dicotomia infantil/adulto, então nossos espetáculos atingem todo tipo de público", explica Itaércio Rocha, um dos fundadores do grupo. A montagem As Aventuras de uma Viúva Alucinada já completou 11 anos desde sua criação, feita pela turma de licenciatura em artes cênicas na Faculdade de Artes do Paraná (FAP). "A peça é aberta na forma e na construção, uma espécie de work in progress" acrescenta.

Com dez anos de vida – que serão comemorados na próxima sexta-feira, dia 31, a partir das 22 horas no Espaço Cultural Calamengáu (ler quadro) –, o grupo Mundaréu se destacou no cenário paranaense pela constante busca de um trabalho de cultura popular em espaços não formais de arte, como escolas e praças.

"A opção por trabalhar em outros espaços permite um retorno diferente do público, e possibilita outra abordagem estética, do espaço aberto, da cor etc. Como trabalhamos com arte pública, nada mais honesto do que devolver o trabalho diretamente ao público", afirma Rocha, que também já apresentou espetáculos nos teatros "oficiais".

"Tudo depende da ideologia do projeto e da estrutura do espetáculo", explica o ator. No caso de As Aventuras de uma Viúva Alucinada, todo o planejamento já foi pensado para ser levado às escolas, possuindo uma grande mobilidade. "É uma maneira de atingir diretamente o público", defende

O ator, que assim como os outros quatro integrantes do grupo possui formação de arte-educador, vê com bons olhos o aumento do interesse por cultura popular em Curitiba. Já há alguns anos a cidade conta com grupos de maracatú e cortejos de rua, além de saraus e festas no Largo da Ordem. "A arte popular se aproxima da vida real, já que não é exibida em um espaço oficial afastado do mundo", aponta.

Uma maneira de formar novas platéias? Rocha vê a questão com ressalvas: "Depende do que se considera platéia. É o público pagante? Então sim, de certa forma, já que os projetos foram subvencionados com dinheiro público. Só que mais do que isso, são projetos que contribuem para a formação do humano, como toda manifestação artística."

Este ano, o grupo Mundaréu passou a oferecer oficinas de cultura popular na sede da companhia (Rua Domingos Nascimento, 149). No primeiro semestre, o grupo desenvolveu a "Oficina do Boi", com elementos do Bumba Meu Boi, além de projetos ligados ao corpo e à música, como "Cacuricá" e "Oficina da Folia". Os interessados podem entrar em contato com o grupo pelo telefone (41) 3079-8408, ou pelo e-mail mundareu@munda reu.com.br.