• Carregando...
Vera Lynn é uma das personalidades britânicas mais populares do século 20 | Fotos: Divulgação
Vera Lynn é uma das personalidades britânicas mais populares do século 20| Foto: Fotos: Divulgação
  • Capa do CD We’ll Meet Again: The Very Best of Vera Lynn: sucesso nas paradas do Reino Unido

Rio de Janeiro - Um fenômeno digno do Livro Guinness de Recordes: aos 92 anos, a cantora Vera Lynn se tornou o artista mais idoso a chegar ao número um da parada de sucessos na Grã-Bretanha, com o CD We’ll Meet Again: The Very Best of Vera Lynn. Dame Vera Lynn deixou para trás concorrentes como os Beatles remasterizados, Michael Jackson, os Arctic Monkeys e Jamie T. O CD, lançado em 3 de setembro para coincidir com o 70.º aniversário da declaração da Segunda Guerra Mundial pela Grã-Bretanha, em poucas semanas se tornou o mais vendido. A cantora disse que nunca sonhou em voltar às paradas, menos ainda atingir o número um.

Filha de um bombeiro hidráulico, nascida nos arredores de Londres, Vera Margaret Welch herdou o sotaque cockney dos pais, um forte obstáculo para uma carreira de cantora, não soubesse ela superá-lo com sua voz cristalina e dicção de lady. Começou a cantar aos 7 anos num clube de operários, estreou no rádio aos 18, lançando seu próprio programa em 1940, Sincerely Yours, em que mandava mensagens às tropas no exterior e, com um quarteto, interpretava as canções mais pedidas pelos soldados.

Vera visitou também hospitais para entrevistar novas mães e enviar mensagens pessoais aos maridos nos campos de batalha. Tornou-se a "namorada das forças armadas britânicas" e viajou pelo Egito, Índia e Birmânia, cantando para as tropas. Em 1942, gravou "We’ll Meet Again", uma das canções emblemáticas da Segunda Guerra, e participou do filme homônimo. A letra dizia: "We’ll meet again, don’t know where, don’t know when, but I know we’ll meet again some sunny day/ Nos veremos de novo, não sei onde, não sei quando, mas sei que nos veremos de novo num dia de sol");

Honrarias

Depois de décadas de sucesso, ela cantou em público pela última vez do lado de fora do Palácio de Buckingham em 1995, numa cerimônia que marcou os 50 anos do Dia da Vitória. Cumulada de honrarias, tornou-se Dama da Ordem do Império Britânico em 1975 e recebeu um prêmio especial Spirit of the 20th Century (Espírito do Século 20) em 2000. Presidiu a Fundação de Pesquisas do Câncer de Mama e a Fundação de Paralisia Cerebral. Em 2008, lançou um novo site de registro da história social chamado The Times of My Life e, em 2009, publicou sua autobiografia Some Sunny Day. No início de 2009, mostrando que continuava combativa, processou o partido de direita British National Party por ter usado, sem autorização, sua gravação de "White Cliffs of Dover" num CD de canções anti-imigração.

Falando na cerimônia dos 60 anos do Dia da Vitória em Trafalgar Square, em 8 de maio de 2005, Vera disse: "Aqueles soldados deram suas vidas e alguns voltaram gravemente feridos e a vida nunca foi igual para suas famílias. Deveríamos sempre lembrar e ensinar nossos filhos a lembrar."

Clássicos

É principalmente de lembrança que falam estas canções, subitamente ressuscitadas no inconsciente coletivo britânico. De amor e de bravura, de incerteza e esperança. Como no clássico "As Time Goes By" (tema do filme Casablanca): "It’s still the same story/a fight for love and glory/A case of do or die." Ou na promessa que não se cumpriu de "The White Cliffs of Dover": "There’ll be love and laughter/ And peace ever after/ Tomorrow when the world is free" (Haverá amor e riso/ E paz para sempre/ Amanhã. quando o mundo for livre). Assim como a guerra, o amor também é globalizado: "See the pyramids along the Nile,/ Watch the sun rise from a tropic isle (Veja as prâmides ao longo do Nilo/ Assista ao sol nascer em uma ilha tropical)" ("You Belong To Me"). "Yours ‘till the stars lose their glory,/ Yours till the birds fail to sing, Here or on far distant shores (Sua até que as estrelas percam sua glória/ Sua até que os pássaros não consigam cantar/ Aqui, em costas distantes)" (versos de "Yours").

"Yours", na verdade, é a conhecida "Quiéreme Mucho" (1931), do cubano Gonzalo Roig. Muitas das 20 canções do álbum não são britânicas, nem da época da guerra. "The Loveliest Night of the Year" (1884) é a popular "Sobre as Ondas", do mexicano José Juventino Policarpo Rosas Cadenas. "Auf Wiedersehen Sweetheart", do alemão Eberhard Storch, é do pós-guerra, 1949. "If You Love Me" é o famoso "Hymne à l’Amour", celebrizado em 1950 por Edith Piaf, que escreveu a letra (para a canção de Marguerite Monnot) em homenagem a seu amante, Marcel Cerdan, o pugilista morto num desastre de avião quando ia de Paris a Nova York atrás da cantora.

Mas Dame Vera Lynn não para por aí. Sua gravadora vai lançar um single com "We’ll Meet Again" numa versão remasterizada e, do lado B, "White Christmas", ambas acompanhadas pelo coral masculino de 60 vozes dos tempos heróicos, o Fron Male Voice Choir. Tem tudo para ser o grande hit deste fim de ano no Reino Unidos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]