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Turnê de divulgação de Zii e Zie, último disco de Caetano Veloso, receberá benefícios da Lei Rouanet e passará por 22 cidades do Brasil. Músico baiano se apresenta em Curitiba no próximo sábado |
Turnê de divulgação de Zii e Zie, último disco de Caetano Veloso, receberá benefícios da Lei Rouanet e passará por 22 cidades do Brasil. Músico baiano se apresenta em Curitiba no próximo sábado| Foto:

Serviço

Caetano VelosoQuando: Dia 27 de junho, 21h. Abertura do teatro a partir das 20hQuanto: Valores variam entre R$ 364, R$ 304, R$ 244 e R$ 164 dependendo do lugar escolhido; Idosos a partir dos 60, estudantes, professores e doadores de sangue com documento comprobatório pagam meia-entradaOnde: Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 - Campo Comprido, Curitiba (PR). Telefone: (41) 3317-3107)Confira o serviço completo no site Guias e Roteiros RPC

  • Ricardo Dias Gomes, Pedro Sá e Marcelo Callado: o rock de Caetano

Ele usou a bossa nova para ser ativista político e a Tropicália para se tornar referência artística. Mas, aos 66 anos, é um simples e eficiente trio de rock que fornece música à voz de Caetano Veloso: a banda Cê, parceira dos dois últimos trabalhos do baiano. Zii e Zie, lançado em abril deste ano, será apresentado no Teatro Positivo, em Curitiba, no próximo sábado.

A Tour Caetano Veloso, com custos estimados em R$ 2 milhões, criou polêmica ao não ser autorizada pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura a receber os benefícios fiscais da Lei Rouanet. Mas o Ministério da Cultura voltou atrás na última segunda-feira e autorizou os produtores do músico a usar os recursos. Por e-mail, o músico conversou com a Gazeta do Povo.

Na ocasião do lançamento de Zii e Zie, você disse que lembrava da Curitiba da década de 1970. Do Largo da Ordem e do Paulo Leminski, em plena forma. E hoje? Quando você pensa em Curitiba, o que lhe vem à cabeça?

Os pontos de ônibus com abrigo de acrílico transparente e roleta para pagamento adiantado da passagem, com o ônibus tendo canaleta nas ruas e funcionando como um metrô de superfície. Lembro também de muitas pessoas bacanas que tenho encontrado na cidade ao longo das décadas. Penso em quanto a cidade mudou a partir dos anos 70. Em como serviu de modelo para tantas outras cidades brasileiras.

Quando você caiu do tablado, no show em Brasília, foi aplaudido. É a prova viva da admiração e do respeito do seu público. Por outro lado, há muita gente que perpetua uma espécie de "rejeição" a seu trabalho. Há, por exemplo, um número expressivo de vídeos de paródias e deboches em relação a sua pessoa no Youtube...

Caí de um palco alto em Brasília. Felizmente não teve consequências maiores. O público, que estava cantando comigo, fez um silêncio assustado – depois aplaudiu. Levantei e continuamos a cantar. Sempre tive um nível muito alto de rejeição. As paródias e gozações não são necessariamente expressão de antipatia. Mas há rejeição séria. Acho normal. Ninguém pode pretender ser aprovado por todo o mundo. E no meu caso, há agravantes fortes: tenho temperamento experimental, não sigo cartilha política de grupo nenhum, não me submeto à hierarquia crítica capacha que olha para tudo o que se produz na Inglaterra e os EUA com adoração idiota. Tenho ambições maiores do que tudo isso. E também não sou um talento musical impressionante. Natural que reajam contra mim pelas piores mas também pelas melhores razões.

Como é ser provocado? Como você lida com essa "rejeição"?

Com atenção e relaxamento. Respondo se sou caluniado ou injustiçado. Mas em geral engulo os sapos. E muitas vezes, como já disse, acho que há boas razões para que se despreze meu estilo.

A jovem cantora norte-americana Melody Gardot deu uma entrevista a um site dos Estados Unidos dizendo que você era uma influência forte. Você já foi citado também por outros artistas internacionais de renome, como Beck, Devendra Banhart e Lou Reed. Você procura manter contato com esses artistas ou pretende fazer trabalho em conjunto? Há um diálogo, enfim?

Uma vez Beck me procurou durante uma turnê nos Estados Unidos e veio à passagem de som no dia do show em Los Angeles. À noite ele subiu ao palco e cantou comigo "Baby" e "Maria Bethânia". Retribuí cantando a "Tropicalia" dele. Depois saímos para jantar. Gozado como ele conhece restaurantes que ficam abertos em LA até tarde. Bem, ao menos ele conhece um. Recebi um convite, por meio da gravadora, para fazer um dueto com Melody Gardot. Não tive tempo ainda de pensar nisso. Devendra conversou muito comigo quando veio ao Brasil. Ele faz cenas de idolatria comigo. É engraçado. Laurie Anderson e Lou Reed vão a todos os shows que faço em Nova Iorque e depois vêm a meu apartamento lá e me dizem coisas boas sobre meu trabalho. Me sinto honrado pelo interesse que artistas não-brasileiros (portugueses, argentinos, italianos, franceses: citei os de língua inglesa porque é o que está na sua pergunta, mas Fito Paez, Avion Travel, Dulce Pontes, Mercedes Sosa, Stefano Bollani, muitos artistas de países não anglófonos têm interesse por minha música). Mas sou amigo mesmo é de David Byrne.

Como é estar na estrada com uma banda de rock? Se sente um rockstar no auge de carreira ou esse momento você é mais um apaziguador, um guia?

Nem uma coisa nem outra. Sinto-me seguindo meu caminho de forma natural, colaborando com jovens que conheço e amo, sendo que eles conhecem tudo o que é importante para mim.

Você tinha objetivos quando do lançamento do novo disco? Acha que está os alcançando?

O principal – que era produzir um repertório que fizesse o trabalho da bandaCê ganhar ainda mais profundidade – foi alcançado.

Em relação ao repertório do show em Curitiba, o que você pode adiantar?

O repertório de Zii e Zie é que estrutura o show. Canto também canções minhas dos anos 60 e 70. Mas, diferentemente do show Cê, em que eu cantava o repertório do discos e hits óbvios (como "Sampa" e "Leãozinho"), neste caso agora as canções antigas que ressurgem são conhecidas mas inesperadas. Noto que comove mais.

Se sente bem tocando em um teatro grande como o Positivo? Há algum tipo de preparação ou ajuste especial?

Isso a gente só vai ver na passagem de som. Mas não creio que precise mudar muito: a gente fez a Concha Acústica do Teatro Castro Alves, para 5.620 pessoas, em Salvador, sem necessidade de reajustes especiais. Nunca cantei no Positivo. Estou acostumado com o Guaíra - que é querido, nobre, mas tem uma acústica que repete os sons que enviamos do palco.

Que música sua combina com Curitiba?

"Doideca".

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Serviço

Caetano Veloso – Zii e Zie. Teatro Positivo – Grande Auditório (R.Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3315-0000. Dia 27 às 21h. Ingressos: de R$ 80 a R$ 180 de acordo com o setor do teatro. Meia-entrada válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores e doadores de sangue com carteira comprobatória. Classificação: Livre.

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