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O advogado Alan Dershowitz prometeu confrontar "duramente" Jimmy Carter em público por causa do polêmico livro sobre Israel lançado pelo ex-presidente norte-americano, que já enfrenta um motim entre seus aliados mais próximos por causa da publicação.

Grupos judaicos já manifestaram revolta com "Palestine: Peace Not Apartheid", argumentando que a comparação do tratamento que Israel dá aos palestinos com o sistema de segregação racial sul-africano pode afetar a percepção da legitimidade do Estado judaico.

Catorze dos 200 integrantes do grupo de conselheiros do Centro Carter pediram demissão na quinta-feira (11), afirmando estarem "profundamente incomodados" com o livro e com as declarações públicas de Carter, que ganhou o Nobel da Paz em 2002 por ajudar a mediar conflitos globais.

"O livro rompe com a posição tradicional de mediador honesto do presidente", disse o executivo de Atlanta Steve Berman, um dos que deixaram o centro. "Ele abraçou um dos lados."

O grupo disse que o livro, o quinto mais vendido no ranking de não-ficção do New York Times, mostra a tensão entre Israel e seus vizinhos de forma parcial, "colocando toda a responsabilidade (em Israel) de solucionar o conflito".

Dershowitz, professor da Faculdade de Direito de Harvard que defendeu O.J. Simpson e outras personalidades pouco populares, disse que vai questionar Carter quando o ex-presidente falar num fórum na Universidade de Brandeis, perto de Boston, no dia 23 de janeiro.

"Minha mão estará levantada no minuto em que ele terminar. Será educado. Será digno, mas será duro", disse o advogado à Reuters. "Há perguntas duríssimas que têm de ser feitas a ele."

Dershowitz disse que pretende perguntar a Carter por que ele aceitou dinheiro da Arábia Saudita e por que o Centro Carter, uma organização humanitária com sede em Atlanta, criticou Israel e ignorou as violações aos direitos humanos no reino saudita.

"Ele alega que o dinheiro judeu compra o silêncio dos políticos e da mídia, mas nega que o dinheiro árabe tenha comprado seu silêncio", disse Deshowitz.

Representantes de Carter não estavam disponíveis para comentar as declarações. O ex-presidente já disse estar "completamente tranquilo" com o livro e que o título é deliberadamente provocativo.

No livro, Carter, 82, relata a história do Oriente Médio desde o século 19. Ele vem sendo alvo de protestos na turnê de lançamento. Ken Stein, um antigo assessor em questões de Oriente Médio e que foi o primeiro diretor-executivo do Centro Carter, pediu demissão por causa da publicação.

No mês passado, Carter disse ao Boston Globe que uma vez havia recusado um convite para falar na Brandeis porque havia a indicação de que ele debatesse com Dershowitz.

Mais de 100 estudantes e professores assinaram uma petição dizendo que Carter deveria ser convidado a falar sem debater com Dershowitz. Mas muitos questionaram se proibir a presença de Dershowitz não contradiria os princípios de liberdade de expressão da universidade.

"Não vamos proibir que ele venha aqui. Mas ainda não está decidido se pessoas que não pertençam à comunidade da universidade serão admitidas no evento em si", disse Dennis Nealon, representante da Brandeis.

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