Afogando em números

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A 5.ª Festa Literária Internacional de Parati (Flip) começa hoje à noite e segue até o domingo. Ela, mais a Flipinha e a Off Flip, geram números que falam por si.

Espera-se que 12 mil pessoas desembarquem na cidade histórica para acompanhar o evento – mais de um terço do seu total de habitantes (cerca de 30 mil). A programação oficial, feita de 21 mesas, tem 40 escritores. A Flipinha, voltada para o público infanto-juvenil, tem mais 30.

Pelo menos 500 pessoas estão envolvidas na organização – incluindo 200 voluntários – e 550 jornalistas se cadastraram para cobrir os quatro dias em que Parati se torna um dos mais importantes centros literários do mundo. Durante a festa, 7,5 mil livros serão expostos.

A Flipinha mobiliza 36 escolas da região, levando até o centro histórico de Parati 700 professores e 8 mil crianças. A Off Flip, criada no ano passado com apoio da prefeitura da cidade, tem uma agenda própria que reúne 29 autores, entre eles, o moçambicano Mia Couto e o angolano José Eduardo Agualusa, participantes também da programação oficial.

A organização do evento, a cargo da Associação Casa Azul, acredita que a 5.ª edição será "a melhor da História". O principal motivo para essa afirmação é a lista de autores convidados. Este ano será o primeiro em que o elenco de nomes conta com dois vencedores do Prêmio Nobel de Literatura, ambos da África do Sul: J. M. Coetzee (que o recebeu em 2003) e Nadine Gordimer (1991). Além deles, há outros 16 estrangeiros.

Não bastasse os dois nobéis, a lista de premiados deve incluir Amós Oz, israelense recém-agraciado com o Príncipe de Astúrias, dado em anos anteriores a Paul Auster e Nélida Piñon.

A cada ano, a Flip escolhe um escritor a ser homenageado – Nelson Rodrigues (1912 – 1980) é o eleito de 2007. O tributo será dividido em três momentos, a começar com uma apresentação especial da crítica teatral Barbara Heliodora, hoje às 21 horas, seguido do show com o pianista João Donato e a Orquestra Imperial, que promete realizar um baile de gafieira na Tenda da Matriz – o local onde as mesas, organizadas na Tenda dos Autores, são exibidas ao vivo em um telão.

As duas discussões que tratam da obra de Nelson Rodrigues, autor de clássicos do teatro brasileiro – como O Beijo no Asfalto – reúnem figuras importantes como o dramaturgo Augusto Boal, de renome internacional, Eduardo Tolentino, fundador do grupo Tapa, e o cineasta Arnaldo Jabor, responsável por adaptar O Casamento (1976) e Toda Nudez Será Castigada (1973).

Entre as mesas marcadas para amanhã, Jim Dodge (Fup) e Will Self (Como Vivem os Mortos) conversam, às 17 horas, sobre o que está por trás do impulso criativo que orienta escritores em suas histórias e se o ato de escrever pode, enfim, ser ensinado.

Às 19 horas, Agualusa, autor de As Mulheres do Meu Pai, substitui o ganês William Boyd na mesa Tão Longe, Tão Perto, ao lado da indiana radicada nos EUA Kiran Desai, de O Legado da Perda. Os dois procuram avaliar em que medida o lugar de origem é capaz de moldar a identidade de alguém e comentam como a vida errante influenciou suas narrativas.

Prêmio Off Flip

A Off Flip criou um prêmio literário que ofereceu a poetas em 2006 e, neste ano, abriu espaço para contistas. Mais de 400 escritores – inclusive brasileiros residentes em oito países – se inscreveram.

Entre os vencedores, Luis Roberto Vassallo, de São Paulo, ficou com o primeiro lugar com "Desconstrução". O segundo foi para Katia Godinho Gilaberte, embaixadora do Brasil no Senegal, por "Travessia". O terceiro melhor conto foi "O Mestre Canoeiro", do curitibano Maurício Decker, de 31 anos. Graduado em Geografia e estudante de Letras, Decker trabalha na Biblioteca Pública do Paraná e finaliza seu primeiro romance.

O prêmio para os três escritores é a estada em Parati durante a Flip.