• Carregando...
Vídeo | TV Paranaense
Vídeo| Foto: TV Paranaense

Para o espectador, deve parecer que os diretores do cinema nacional não pensam em outra coisa a não ser no último período ditatorial brasileiro, que durou de 1964 a 1985. Senão, como explicar o lançamento de Batismo de Sangue, filme do mineiro Helvécio Ratton (Amor & Cia., Uma Onda no Ar), que estréia hoje em Curitiba, mais um título que aborda os chamados anos de chumbo – o quinto do gênero que chega aos cinemas do país em pouco mais de dois anos: antes dele, vieram os bem-realizados Cabra-Cega (Toni Venturi) e Zuzu Angel (Sergio Rezende), o horroroso Sonhos e Desejos (Marcelo Santiago) e o ótimo O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger).

A fita de Ratton, realizada em co-produção com a França, é baseada no romance homônimo do Frei Betto, contando a história dos frades dominicanos que nos anos 60 se envolveram com os grupos da luta armada contra a repressão. Betto é vivido por Daniel de Oliveira (Cazuza – O Tempo não Pára), protagonista da história ao lado de Caio Blat (Lavoura Arcaica), intérprete de Frei Tito, que acabou se suicidando em Paris, na década de 70. O elenco conta ainda com Ângelo Antônio e Cássio Gabus Mendes, que dá vida ao temido delegado Fleury, o campeão da tortura nas delegacias do Deops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo.

A tortura é um dos temas apresentado no longa, e de uma forma muito forte e violenta, como nunca se viu no cinema brasileiro. "Queríamos expor o horror daquele período como ele aconteceu. No cinema atual, não há como ficar impune à violência. E dosar e esconder essa violência seria até um desrespeito a quem viveu toda aquela experiência", disse Ratton em entrevista coletiva no Festival de Brasília 2006, no qual recebeu o prêmio de melhor direção (o filme ainda ganhou o troféu de melhor fotografia no mesmo evento).

"Escrevi Batismo de Sangue para que a memória do sofrimento de todas as pessoas envolvidas nunca seja esquecida, para que essa história não seja empurrada para baixo do tapete", declarou Frei Betto na mesma entrevista. Segundo ele, tanto o livro como o filme não foram realizados por vingança, mas por questão de justiça. "A arte é que está abrindo os arquivos da ditadura, coisa que o governo brasileiro nunca fez. Pela primeira vez, a tortura foi mostrada no cinema tal como ela era", concluiu.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]