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 | Naty Tôrres/Divulgação
| Foto: Naty Tôrres/Divulgação

Lançamento

Valencianas

Alceu Valença e Orquestra de Ouro Preto. Deck Disc. R$ 25,90 (CD) e R$ 39,90 (DVD). MPB/Clássica.

No Brasil, o ato de unir o popular ao clássico tem quase o efeito de um pequeno big-bang. Porque há quem ainda torça o nariz quando esses círculos se cruzam. E principalmente porque faz com que a obra final se torne de certa forma maior e alcance outros lugares onde não chegaria de outra forma. Foi assim com o bom e velho Alceu Valença, que vestiu o paletó para encontrar uma orquestra no teatro, levando no bolso toda sua bonita história cancioneira.

Valencianas – Alceu Valença e Orquestra de Ouro Preto, lançado agora em CD e DVD, é o registro de um encontro e tanto, ocorrido em novembro de 2012 no Grande Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte. O espetáculo teve como referência a biografia musical do pernambucano. Mas a orquestra – indicada a um Grammy Latino em 2007 com o disco Latinidades e participante da International Beatle Week em 2012 com suas releituras de músicas dos Fab Four – borra as definições de clássico e popular e explora acertadamente as particularidades que tornaram a obra do cantor um marco na história da música brasileira. Para Alceu, a sintonia entre artista e orquestra está na sensibilidade do maestro Rodrigo Toffolo e do arranjador Mateus Freire.

"O fato de Mateus ser paraibano e ter tocado com o Quinteto da Paraíba, ter os movimentos armoriais em sua formação, facilitou esta aproximação. Assim como eu, ele conhece desde o berço gêneros como forró, xote, xaxado, os martelos agalopados, as emboladas do sertão", explica o cantor, em entrevista por e-mail.

Na prática, guitarra, violão, baixo, bateria e percussão dialogam com instrumentos típicos do nordeste, como sanfona, zabumba, rabeca, marimbau e até tampa de panela. Tudo isso em meio a uma orquestra de cordas. E dá no que dá. Ao todo, são 14 faixas. Algumas com mais de um movimento. As conhecidas "La Belle du Jour", "Coração Bobo", "Tropicana" e "Cavalo de Pau" estão lá, em suas versões mais profundas. "Não sei dizer se minha música atingiu outro lugar, mas a sensação é maravilhosa", diz Alceu, que participou de alguns ensaios antes da gravação. "Tudo fluiu muito naturalmente, desde o princípio. Além de grandes músicos, os integrantes da orquestra são jovens e possuem muito respeito pela música popular." De fato, no DVD, é possível ver as violinistas, entusiasmadas, cantando e dançando durante a execução das músicas.

De cinema

Alceu Valença estreou como cineasta com A Luneta do Tempo, longa-metragem exibido no Festival de Cinema de Gramado deste ano. Vencedor dos prêmios de melhor trilha musical (Alceu Valença) e melhor direção de arte (Moacyr Gramacho), o filme tem todos os diálogos rimados, e presta uma homenagem à cultura nordestina, em especial à literatura de cordel. Deu trabalho. "Foram dez anos escrevendo o roteiro, mais cinco até a finalização. Sofri uma espécie de bullying com este filme. Muita gente não acreditava que um cantor e compositor fosse capaz de realizar um cinema de autor", diz Alceu. O cantor prepara também o lançamento de um livro com poemas e outros textos de sua autoria, e revela: em novembro, irá fazer seis shows acústicos na Caixa Cultural, em Curitiba.

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