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John Malcovich interpreta o general inglês Wellington, que ajudou a libertar Portugal dos franceses | Divulgação
John Malcovich interpreta o general inglês Wellington, que ajudou a libertar Portugal dos franceses| Foto: Divulgação
  • Valéria Sarmiento

Valéria Sarmiento está na 50.ª edição do Festival de Nova York num programa duplo. Além da apresentação de La Noche de Enfrente, último trabalho do diretor chinelo Raoul Ruiz (1941-2011), a diretora chilena está lançando seu novo filme, Linhas de Wellington, sobre a invasão de Napoleão a Portugal em 1810.

Valeria é viúva de Ruiz – falecido em agosto do ano passado – trabalhou em parceria com ele por 30 anos e foi constante colaboradora na montagem de grande parte dos seus filmes.

Bem-recebido na sessão prévia para a imprensa, Linhas de Wellington era inicialmente destinado ao próprio Ruiz, que recebeu um convite para desenvolver um projeto de filme e minissérie em comemoração aos 200 anos do fim da invasão napoleônica.

Mas Raoul apenas estabeleceu a concepção da história e não chegou a rodar o projeto, tendo sido substituído por Valéria que, embora tenha mantido várias de suas ideias originais, procurou dar um caráter pessoal à história.

Num filme de guerra com duas horas e meia de duração, a diretora, com estilo politizado e delicado, teve a preocupação de abordar outras questões, além do cerne do conflito.

O celebrado ator John Malcovich interpreta em poucas, mas ótimas cenas, o excêntrico general inglês Wellington, liderando um grande elenco formado por Catherine Deneuve, Mathieu Amalric, Elsa Zylberstein, Nuno Lopes e Marisa Paredes, entre outros.

Valéria conversou com a Gazeta do Povo sobre a motivação para retratar essa história e o significado de ter o filme no festival.

Qual foi a principal motivação para fazer o filme?

Para mim, num sentido clássico do termo, não houve propriamente uma motivação para fazer Linhas de Wellington. O filme seria realizado por Raoul e, depois que ele partiu, me pareceu uma evidência, eu precisava fazê-lo, seria uma homenagem a ele.

Sua direção aconteceu a partir da concepção de Ruiz?

A participação dele foi muito além da concepção e ajustes no roteiro. Sua presença espiritual esteve o tempo todo conosco durante as filmagens e seus ensinamentos em todos esses anos, ajudaram muito no resultado.

Por que optou por focar o filme em questões paralelas à guerra mantendo o conflito como pano de fundo?

Quando recebi o roteiro, constatei que seria um projeto difícil. Apesar de ter estudado as guerras napoleônicas no colégio, elas estavam distantes na minha mente. Para aproximá-las de mim, procurei desenvolver uma ligação emocional com a história, ressaltando a questão do exílio, das torturas e da opressão. Quando alguém quer filmar e este é seu ofício, sempre consegue fazer pontes. O importante era mostrar que o verdadeiro protagonista era o povo e não os generais.

O que representa ter o filme selecionado para o Festival de Nova York?

Um reconhecimento e uma confirmação de que os filmes de Raoul são importantes e o serão sempre para muitas pessoas.

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