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Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA | Divulgação/Polícia de Plam Beach
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

Sugestões das listas dos mais vendidos

NeveOrhan Pamuk (Companhia das Letras, 488 págs., R$ 54). Romance.

A história do poeta Ka, exilado na Alemanha, que viaja a uma pequena cidade turca com o objetivo de investigar uma onda de suícidios entre muçulmanos no local. Uma nevasca bloqueia todas as estradas, isolando o vilarejo do restante do mundo. "Meu primeiro e último romance político", na definição de Pamuk, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2006.

Quando Nietzsche chorouIrvin D. Yalom(Ediouro, 407 págs., R$ 49,90). Romance.

Um estimulante romance de idéias que acompanha o encontro – imaginário – entre o filósofo alemão e o médico Josef Bauer, que viria a se tornar um dos idealizadores da psicanálise, junto ao seu aluno Sigmund Freud. Bauer e Nietzsche travam uma espécie de pacto, onde as funções de médico e paciente, terapeuta e analisado, se misturam, num mergulho nas obsessões de cada um.

A coroa, a cruz e a espadaEduardo Bueno (Objetiva, 272 págs, R$ 39,90). História.

No quarto volume da série Terra Brasilis, o jornalista Eduardo Bueno traça um panorama dos primórdios do Brasil, quando o Governo Geral é criado aqui com recursos da Coroa de Portugal. Para quem acha que clientelismo, corrupção e nepotismo são exclusividade dos últimos governos, Bueno mostra que não. Eles já estavam lá, junto com a primeira organização do poder no país.

Nada contra Hogwarts, a Escola de Magia e Bruxaria do célebre Harry Potter, mas esta temporada continuou sendo do Afeganistão. É o que indicam as listas de livros mais vendidos, encabeçadas há meses por O Caçador de Pipas (Nova Fronteira) e O Livreiro de Cabul (Record), nos gêneros ficção e não-ficção, respectivamente. Ambos têm como pano de fundo o seco e montanhoso país centro-asiático. Mas o gosto pelo exótico é apenas um dos elementos que impulsiona o sucesso dos best sellers.

"No verão, as pessoas costumam procurar por leituras mais descompromissadas", explica a professora e doutora em Literatura, Marta Morais da Costa. A literatura de massa nasceu na França, no século 19, com os "folhetins" publicados em jornais. Uma leitura dirigida principalmente às mulheres e com uma grande carga de sentimentalismo. São os antepassados dos best sellers de hoje. Só que o tema da vez é a cultura oriental e o revisionismo religioso.

"A cada ano muda o assunto, mas a estrutura desse tipo de narrativa é muito parecida. É uma mistura de personagens que vivem um conflito – no qual os leitores precisam acreditar – com acontecimentos inesperados, momentos de perigo e uma linguagem simples e direta, sem rebuscamento ou eruditismo", explica Marta.

Os leitores sabem que os personagens vão passar por momentos difíceis, mas isso não os desistimula. Querem saber qual vai ser a solução encontrada e os desdobramentos da narrativa. É uma espécie de masoquismo, muito próximo daquele que leva os espectadores à uma sessão de um filme de terror, onde sabem que vão sentir medo.

No Brasil, o folhetim se popularizou com A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Publicado em 1844, no rodapé do Jornal do Commercio, o livro alcançou grande sucesso de público. "Costumo dizer aos meus alunos que A Moreninha foi o primeiro best seller brasileiro", conta a professora Cátia Toledo Mendonça, que realizou seu doutoramento a partir da Coleção Vaga-Lume, clássicos da literatura juvenil.

De lá para cá o mundo mudou. E a literatura também. O século 20 viu a chegada de livros como Ulisses, de James Joyce, e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust que representaram, cada um ao seu modo, o que pode haver de mais complexo e inovador na literatura. "Só que são livros que exigem muito do leitor. Normalmente não são lidos fora da academia", conta Cátia.

E o prazer de ler? "Um leitor competente, crítico, também encontra prazer na literatura de entretenimento, nos ‘livros de verão’. Serve como um respiro, porque ler somente textos complexos angustia", explica Marta.

O escritor francês Daniel Penac é outro defensor da literatura por prazer. Elaborou uma série de 10 "direitos do leitor", que incluem o direito a pular de páginas – coisa que todo mundo já fez, mas ninguém conta – e o direito ao "bovarismo" – termo emprestado do romance de Flaubert e que seria algo como o direito a se maravilhar lendo Sabrina, Julia, ou mesmo algum dos romances de Sidney Sheldon, que morreu esta semana e deixou como herança mais de 20 romances e milhares de fãs.

Os "livros de verão" criam um vínculo curioso com seus leitores. Não é dificil encontrar gente que cria uma espécie de culto em torno de seus escritores, como Dan Brown, Anne Rice e Zíbia Gasparetto. "Tem uma senhora que chega todos os meses com uma lista dos livros da Zíbia que ela já leu e pede algum que ainda não esteja lá", conta Claudecir de Oliveira Rocha, estudante de Letras e vendedor das Livrarias Curitiba. Na sua opinião, dificilmente a literatura de entretenimento serve como uma porta de entrada para literatura mais complexa. "Normalmente, o leitor gostou do estilo e quer ler sempre a mesma coisa", arrisca. A professora Marta concorda "Esse tipo de literatura cria um pacto de amizade com o leitor e ele fica acomodado, não se arrisca a subir os degraus da leitura".

Auto-ajuda

Impossível falar de best sellers sem passar pelos livros de auto-ajuda que, ao lado dos livros didáticos e dicionários, são os "primos ricos" do mercado editorial. Só que o conceito de auto-ajuda se modificou com os anos. Se, inicialmente, propunha caminhos mais abstratos – algo como "respire profundamente e visualize uma luz azul..."– hoje os lançamentos poderiam perfeitamente estar ao lado de livros de administração.

"Auto-ajuda sim, mas uma auto-ajuda que funciona", afirma João Aécio, assessor de imprensa das Livrarias Curitiba. Para Alice Dias, que integra o departamento editorial da Editora Sextante – responsável por boa parte dos sucessos do gênero auto-ajuda – o leitor busca resultados. "São livros que ensinam maneiras de investir, de administrar o dinheiro", explica. Títulos como O Monge e o Executivo (Sextante) e Os Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Gente) se tornaram versões facilitadas de livro de negócios. E, para as editoras, bons negócios.

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