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Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar | Carlos Ohara/Gazeta do Povo
Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar| Foto: Carlos Ohara/Gazeta do Povo

Premiações

O curta-metragem Visita Íntima (2005), de Joana Nin, que retrata o cotidiano de seis mulheres que mantêm relacionamentos com presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), foi um dos filmes paranaenses mais premiados em festivais, acumulando 21 prêmios, o mais recente no último fim de semana, no Festival da Lapa. Confira algumas das premiações:

• Kikito – Prêmio especial do júri, no 33.º Festival de Cinema de Gramado (2005);

• Troféu Calunga – Melhor documentário, no Cine-PE (2005).

• Tatu de Prata – Melhor direção, 30.º Jornada Internacional de Cinema da Bahia (2005).

• Melhor curta-metragem documentário, no 11.º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários (2006).

No ano de 2001, a jornalista Joana Nin acompanhou durante 15 dias a rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Naquele ano, as visitas aos internos eram feitas somente aos domingos, e a fila de mulheres – mães, irmãs, namoradas e esposas – que se formava, já no sábado, à noite chamou a atenção da jornalista.

Conversando com as visitantes, Joana descobriu um grande número de histórias de amor que se desenrolavam no presídio. "Nunca imaginei que pudesse existir amor naquele ambiente de degradação. Mas, com o amor, o preso tem um vínculo afetivo que pode ser um caminho para voltar à sociedade. Sem vínculos, ele não tem nenhuma razão para não cometer mais crimes", explica.

A jornalista passou a pesquisar o universo carcerário e a linguagem documental, tendo em vista a realização de um filme. Assim nascia o curta-metragem Visita Íntima, de 2005, que reuniu depoimentos de seis mulheres – das 17 entrevistadas – que desenvolveram relacionamentos amorosos com os presos da PCE.

O curta foi um dos filmes mais premiados do Paraná (ler quadro), reunindo 21 prêmios em festivais nacionais e internacionais, incluindo o Troféu Tropeiro de melhor filme, no Festival da Lapa, que aconteceu no último fim de semana e fechou com chave de ouro a carreira do curta em mostras competitivas.

Joana volta à opção feminina por relacionamentos com presidiários no longa-metragem Cativas – já aprovado pela lei federal de incentivo à cultura e atualmente em fase de captação de recursos –, com previsão de lançamento para o próximo ano. "A questão dos presídios é uma bomba-relógio só comparável à questão do lixo. São pessoas que estão lá e algum dia vão voltar para a sociedade", aponta a diretora.

Em Cativas, Joana resgata as histórias das personagens de Visita Íntima, incluindo aquelas que não entraram no curta-metragem. "A passagem do tempo é muito positiva para um documentário", explica a diretora, que revela os outros dois pilares do filme: uma série de correspondências trocadas entre um preso e sua namorada; e o casamento em cartório de uma jovem com a mãe do noivo, representante legal do filho.

A diretora aposta na regionalização da produção: mesmo morando no Rio de Janeiro, onde passou um tempo como editora na Rede Globo (no programa Fantástico), mantém uma produtora em Curitiba e contará com uma equipe da cidade, que inclui os parceiros que participaram do curta-metragem. "Curtas e longas têm uma circulação completamente diferentes", explica Joana, que pretende colocar o Cativas no circuito comercial de exibição. No caso dos curtas-metragens, a exibição normalmente fica restrita a mostras e festivais.

Ao voltar a procurar as personagens de Visita Íntima, Joana teve algumas surpresas. "Somente um marido saiu da prisão e está com ela. Muitas estão na mesma situação, como é o caso da Cida, que continua apaixonada. Mas teve inclusive um dos presos que abandonou a namorada e já está com outra mulher, mesmo dentro da penitenciária", revela.

Quais seriam os motivos que levam uma mulher a procurar um companheiro que atrás das grades? "Não quero criar nenhuma conclusão. Não sei se o relacionamento delas com os presos é mais ou menos patológico do que os que vemos na sociedade. É complicado como qualquer outro", responde a diretora, que procura problematizar a questão social e dos direitos humanos sem julgamentos. "O preso já está privado da liberdade, o que não significa que não tenha direito a um relacionamento afetivo", conclui.

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