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Depois de quatro meses de espera, finalmente estreou na segunda-feira (26), às 23h28, o novo projeto de Ana Paula Padrão no canal de Silvio Santos, o "SBT Realidade". E pelo o que se pôde ver no ar, sair da bancada dos telejornais fez bem à apresentadora, muito à vontade na reportagem com seu texto primoroso. No estúdio, ela faz apenas o arremate.

O primeiro "SBT Realidade" mostrou Ana Paula Padrão em viagem à região do deserto do Saara, mais precisamente a Níger, na África. Ela tinha como pauta mostrar como vivem os tuaregs, ou "homens azuis" ou "homens de turbante", povo nômade da região. O ponto de partida foi a cidade de Agadez. Ao chegar lá, Ana Paula já mostrou os primeiros percalços. O aeroporto não tem estrutura alguma e as malas ficam jogadas num canto, sem identificação. As curiosidades da viagem, aliás, foram o ponto alto da estréia.

Ana mergulhou fundo no universo do povo nômade e explicou tim-tim-por-tim-tim como funciona esta sociedade. Você sabia que ela não é machista? Que a mulher tuareg quando cansa do marido manda ele embora e não sofre preconceito algum por isso? Ana Paula explicou as regras, mostrou as tendas armadas no meio do deserto, com as camas sempre aparentes. "A cama é o que importa no casamento tuareg", disse um entrevistado. "Tuareg não é uma etnia, não é uma raça. É viver sem fronteiras, sem teto. Ser tuareg é uma opção", definiu bem Ana Paula.

E mais percalços: a apresentadora percorreu o deserto do Teneré, a parte mais difícil do Saara, para mostrar uma caravana tuareg. Os nômades vão de Agadez até Bilma, num percurso que dura dois meses sob sol escaldante, para comercializar o sal retirado da cidade, que faz fronteira com a Líbia. O carro que levava a equipe de Ana Paula atolou várias vezes e teve três pneus furados, além de problemas com a bomba de combustível. Todos os imprevistos foram ao ar. "Banho? Nem pensar. A água, é um bem precioso nessa região", confessava Ana Paula, que exibiu uma série de modelitos diferentes durante a reportagem. Na maioria deles, ela usava chapéu ou lenço para se proteger do calor. Quando o terceiro pneu furou, ela, arrasada visualmente no ar, continuou o desabafo: "Estamos na estrada desde 5 da manhã a caminho de Bilma. São quatro da tarde e estamos famintos".

Mas logo depois, a redenção. Foi bonito ver no ar a empolgação da apresentadora quando ela avistou a primeira caravana com os "homens azuis" em seu horizonte. Era grande, com 200 camelos. A noite caiu e lá mesmo ela montou seu pequeno acampamento, dormindo quase ao relento na madrugada de 5ºC, para mostrar a organização do grupo de "heróis do vento do deserto", entrevistando seu líder para saber da dura vida no deserto. "O turbante é o escudo da emoção", ponderou Ana Paula depois do papo com o anfitrião.

Em Bilma, Ana Paula confessa: "A cidade é mais seca que o próprio deserto, tanto que areia aqui vira sal. Estou com a boca rachada e com o nariz ardendo. Sem falar na saudade de um bom banho". Ela mostrou que os blocos de sal retirados do chão são vendidos como ração para animais. Os blocos maiores custam apenas US$ 1. Bilma é o último oásis do deserto.

Com uma hora de duração, o semanal "SBT Realidade" - parceria do canal com sua produtora Padrão Mundell - tem tudo para emplacar, graças ao carisma e ao profissionalismo de Ana Paula. Nos próximos programas, ela vai desvendar a região amazônica. Resta saber se a apresentadora vai conseguir manter seu horário por muito tempo, uma vez que o SBT vira-e-mexe altera sua grade de programação, marcada pela inconstância. Vida longa ao "SBT Realidade".

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