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Ricardo Darín vive um professor desafiado por um aluno | Divulgação
Ricardo Darín vive um professor desafiado por um aluno| Foto: Divulgação

Tese sobre um Homicídio, em cartaz desde a última sexta-feira em Curitiba, pode ser visto como um thriller, no melhor estilo "Quem matou?". O filme de Hernán Goldfrid, fenômeno de bilheteria na Argentina neste ano, se torna bem mais interessante, entretanto, se o espectador, além de acompanhar as reviravoltas da trama, também prestar atenção ao jogo proposto pelo roteiro e pelo diretor. Eles desafiam o público não apenas a solucionar o crime em torno do qual se desenvolve a história, mas a compreender o labirinto mental do seu protagonista, o professor universitário de Direito Roberto Bermúdez, vivido por Ricardo Darín (de O Segredo dos Seus Olhos).

Especializado em Direito Criminal, Bermúdez é uma autoridade em sua área. Acaba de lançar um livro e, na primeira aula de um curso de pós-gradução que vai ministrar por oito semanas, se vê diante de Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um casal de amigos de quem foi muito próximo no passado, quando o aluno era um menino.

O rapaz, agora um homem de 28 anos bem apessoado, inteligente e articulado, enxerga o professor como uma espécie de ídolo, de modelo a ser seguido. E, de cara, isso incomoda Bermúdez. Há algo de errado nessa adoração.

Poucos dias após o início do curso, durante uma aula noturna, a turma e o professor são surpreendidos por um incidente no estacionamento da faculdade: é encontrado o corpo de uma jovem, que trabalhava como garçonete no café em frente da escola. A moça foi estrangulada e violentada.

Por conta de uma série de conversas entre Bermúdez e Gonzalo, o jurista monta uma tese sobre o crime a partir da constatação de que o aluno é um psicopata em potencial e nele passa a enxergar o principal suspeito do assassinato.

Embora as evidências encontradas pelo professor sejam contundentes, o comportamento errático e instável do jurista também dão margem a dúvidas. E aí reside a grande graça do filme.

Sim, tudo leva a crer que Gonzalo é o assassino. Mas também é verdade que o jovem desencadeia em Bermúdez uma série de reações igualmente suspeitas: sua juventude e inteligência, vistas como demonstrações de pretensão e arrogância pelo jurista, sugerem que a tese montada por Roberto possa, talvez, ser fruto de uma crise de meia-idade, alimentada pelas inseguranças de um veterano que se sente ameaçado em seu trono esplêndido.

Narrado com elegância, Tese sobre um Homicídio brinca com clichês do cinema de suspense, e consegue desviar da maioria deles. Darín é um ator que domina como poucos seu ofício: é sutil e demonstra enorme intimidade com a câmera. E encontra em Ammann "um adversário" à altura. GGG1/2

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