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A história é terrível e dramática por si só: uma menina desaparecida, vítima de um assassino em série. Mais um caso como os que a imprensa infelizmente noticia com alguma frequência. Quando se preparavam para montar a peça Anatomia Frozen, os atores paulistanos Paulo Marcello e João Carlos Andreazza receberam a notícia de um crime que abalou Curitiba no fim do ano passado. Já haviam se decidido a levar ao palco um texto sobre a violência contra crianças. Tiveram um motivo a mais.

Anatomia Fronzen estreou em São Paulo, onde cumpriu três meses de temporada, e chega a Curitiba para um fim de semana de apresentações no Teatro da Caixa. Trata-se de uma adaptação de Frozen, obra em que a dramaturga inglesa Bryony Lavery expõe o sofrimento de uma mãe ao encontrar o homem que agrediu sua filha.

A peça caiu nas mãos da Cia. Razões Diversas após uma visita da autora ao Brasil. Os integrantes gostaram do conteúdo, mas não da forma, com começo, meio e fim. Trocaram, então, o estilo dramático que permeava a trama por uma abordagem épica – em que a história é "mostrada" em vez de "vivida". "Já existem problemas demais. Preferimos mostrar os fatos de uma maneira distanciada, que faz com que as pessoas tenham espaço para a reflexão, sem perder a emoção do texto", diz Andreazza.

A ordem temporal foi um dos aspectos remexidos, no que o ator chama de "dissecação" da obra. "A maneira como a gente desconstruiu e reconstruiu anatomicamente o texto deixa mais claros os fatos para a plateia", revela o intérprete do assassino.

Seu colega, Paulo, assume os papéis de psiquiatra e da mãe da vítima. Cada personagem encena um monólogo, fazendo o espectador de cúmplice. Em dois momentos, se enfrentam em diálogos. "Fazemos uma análise da mente criminosa. O julgamento, deixamos em aberto para o público", diz.

O cientificismo invade os elementos visuais sobre o palco. "Cenografia e figurino compõem um ambiente extremamente cirúrgico de limpeza, brilho e assepsia", conta Andreazza. Mas, o essencial, ele mantém em suspense. "Embora a sinopse mostre a dureza da temática, não mostra de fato o que acontece. As pessoas se surpreendem." A reação rendeu boca-a-boca, que garantiu casa lotada desde a estreia paulista.Márcio Aurélio, à frente da companhia desde sua fundação, assina a direção do espetáculo. O grupo tem trabalhos premiados ao longo de 19 anos de carreira, mas foi alcançar projeção maior há apenas cinco anos com Agreste, peça de Newton Moreno, vista do Festival de Curitiba.

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