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Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar | Carlos Ohara/Gazeta do Povo
Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar| Foto: Carlos Ohara/Gazeta do Povo

Veneza – Por essa ninguém esperava. Como já havia levado para casa o Leão de Ouro há dois anos, por O Segredo de Brokeback Mountain, ninguém imaginava que Ang Lee fosse repetir o feito com Se, Jie (Lust, Caution).

Com a proeza, Lee entra na seleta galeria dos que já venceram o prêmio principal de Veneza duas vezes: o francês Louis Malle, com Atlantic City (1980) e Adeus, Meninos (1987), o também francês André Cayatte, com Justice Est Faite (1950) e Le Passage du Rhin (1960), e o chinês Zhang Yimou, com A História de Qiu Ju (1992) e Nenhum a Menos (1999).

Por coincidência (ou talvez não), Yimou foi o presidente do júri que deu a Ang Lee essa distinção. Estavam lado a lado na coletiva de imprensa após a premiação. Alguém lembrou que Yimou era também presidente do júri quando Ang Lee ganhou o Festival de Berlim com A Cerimônia de Casamento.

"Espero que ele esteja sempre em todos os júris", brincou Lee. Ficou parecendo jogo de compadres e a China tornou-se amplamente dominante em Veneza. Ganhou ano passado com Em Busca da Vida, de Jia Zhang-Ke (que, este ano, concorreu na seção "Horizontes" com o documentário Useless... e, claro, venceu). Faturou há dois anos com Lee, apesar de Brokeback Mountain ser uma produção americana. Tudo isso para felicidade do atual diretor do festival, Marco Müller, que é sinólogo de formação e alimenta a mais completa convicção de que o vento novo do cinema sopra do Oriente. E talvez de Hollywood. Geopolítica, enfim.

Nesse ambiente, os prêmios para alguns filmes antes apontados como favoritos ficaram parecendo menores, como foram os casos do francês La Graine et le Mulet, sobre o cotidiano dos franco-tunisianos na região de Marselha, e de I’m not There, uma nada convencional cinebiografia de Bob Dylan, feita por Todd Haynes, que dividiram o Prêmio Especial do Júri.

As produções norte-americanas que, ao lado das asiáticas, dominaram a mostra, levaram para casa os importantes prêmios de interpretação: Cate Blanchet, que vive Bob Dylan como um dândi em I’m not There, levou a Copa Volpi de melhor atriz; entre os atores, o vencedor foi Brad Pitt por sua caracterização como Jesse James, um dos mitos do Oeste.

Brian de Palma apresentou Redacted, filme considerado revolucionário sobre a invasão do Iraque, e levou o Leão de Prata de melhor direção por essa corajosa e inovadora leitura da invasão americana ao Iraque e dos efeitos deletérios que ela causa aos próprios EUA.

O filme de Ang Lee, além de levar o Leão de Ouro ainda rendeu o prêmio de fotografia a Rodrigo Prieto e o francês La Graine et le Mulet deu à jovem atriz Rafsia Herzi, que faz uma dança do ventre estonteante, o Prêmio Marcello Mastroianni de revelação.

O engajado It’s a Free World, de Kean Loach, deu a seu companheiro de tantos trabalhos, Paul Laverty, a Osella de melhor roteiro. Para o russo Nikita Mikhalkov, que entrou na reta final como favorito com seu 12, sobrou um prêmio que, este sim, soou como mera consolação: Leão de Ouro pela carreira, sendo que este prêmio já havia sido assegurado, de antemão, a Bernardo Bertolucci e Tim Burton.

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