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Vronsky (Taylor-Johnson) e Anna (Knightley): amor proibido | Divulgação
Vronsky (Taylor-Johnson) e Anna (Knightley): amor proibido| Foto: Divulgação

A maior demonstração de respeito de um artista contemporâneo por uma obra clássica é, de certa forma, violá-la, esgarçar suas fronteiras, redimensioná-la segundo outros parâmetros. E, assim, estender-lhe a longevidade, dando a chance de voar em outros céus, de desfrutar outras vidas. Anna Karenina, a mais recente entre muitas adaptações do célebre romance de Liev Tolstói, em cartaz nos cinemas de Curitiba desde sexta-feira passada, faz isso. E, dessa forma, confere à história, já adaptada muitas vezes para o cinema e a televisão, um novo fôlego, nos lembrando de sua genialidade e, sobretudo, de sua atemporalidade.

O cineasta Joe Wright já havia "enfrentado" dois outros monumentos da literatura mundial: um do século 19, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, e o contemporâneo Reparação, de Ian McEwan, cuja adaptação cinematográfica ganhou no Brasil o título de Desejo e Reparação. Ambas as versões são repletas de qualidades, mas parecem ter por suas matrizes tanta reverência que talvez tenham impedido o talentoso cineasta uma maior autonomia de voo. Com Anna Karenina, Wright deu um passo à frente, saltando sem qualquer rede de proteção.

O inventivo roteiro do dramaturgo Tom Stoppard, que ganhou o Oscar por Shakespeare Apaixonado, transporta o livro de Tolstói para o interior de um teatro, onde a Rússia Imperial de meados do século 19 é reconstituída tanto sobre o palco quanto em seus bastidores. Essa opção, contudo, não tem o intuito de fazer com que tenhamos a sensação de estarmos assistindo a um espetáculo filmado. Muito pelo contrário: Anna Karenina é um filme vivo, pulsante.

A trágica história de Anna (Keira Knightley), mulher que se casou muito jovem e se julga feliz com a vida proporcionada por sua união muito estável com o austero, porém gentil e respeitoso Karenin (Jude Law), se desenvolverá entre duas cidades, recriadas no espaço físico de um grande teatro, que sugere a artificialidade de um mundo rígido, de liberdades existenciais cerceadas.

São elas São Peterburgo, onde Anna mora com o marido e o filho, e Moscou, capital do império, residência de seu irmão Oblonsky (Matthew MacFadyen). Lá, ela irá conhecer Alexander, o conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson), um jovem militar por quem se apaixonará. Ao optar por esse amor, enfrentará a fúria da sociedade da época. O resultado é fascinante.

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