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Sozinho no palco, Júlio Adrião encena a vinda dos europeus ao novo continente | Divulgação
Sozinho no palco, Júlio Adrião encena a vinda dos europeus ao novo continente| Foto: Divulgação

Estratégia

A companhia Leões de Circo Pequenos Empreendimentos é formada por Júlio Adrião, Alessandra Vanucci e Sidney Cruz

Boca-a-boca

Ao estrear, o trio pensou em uma estratégia para sair da invisibilidade: ficar dois meses em cartaz.

A temporada prolongada daria conta do boca-a-boca.

Empurrãozinho

Nas primeiras quatro semanas depois da estreia, amargaram plateias esvaziadas. Na quinta semana, finalmente saíram as tão esperadas críticas de Bárbara Heliodora (O Globo) e Macksen Luís (Jornal do Brasil). Não sem ajuda: o ator Sérgio Brito, encantado pela montagem, ligou para os jornais cariocas, recomendando-a.

Desde a estreia de A Descoberta das Américas, no dia 14 de setembro de 2005, na sede da Cooperativa de Artistas Anônimos, localizada nas ruínas de um incêndio no centro do Rio de Janeiro, já se passaram mais de três anos e 300 apresentações. Prova do sucesso incomum da montagem – adaptada do texto do ator e dramaturgo italiano Dario Fo (Prêmio Nobel de Literatura em 1997) pela diretora Alessandra Vanucci e o ator Júlio Adrião. Não é exagero dizer que o espetáculo-solo se tornou um fenômeno dos palcos brasileiros. Coberto de elogios da crítica carioca e impulsionado pela merecida vitória de Adrião no prêmio Shell, por sua interpretação criativa, rigorosa e incansável de um anti-herói que embarca em uma das caravelas de Cristóvão Colombo fugindo da Inquisição.

O monólogo esteve pela primeira vez em Curitiba no Festival de Teatro de 2006, no Paiol, chamando a atenção das demais mostras do país (de Porto Alegre a São José do Rio Preto), que a convidariam em breve. Voltou no ano seguinte, para uma temporada de duas semanas no Teatro da Caixa. Veio ainda uma vez mais, em uma sessão fechada para professores. Retorna agora, para quatro dias de encenação, novamente no Teatro da Caixa, de hoje à sábado, às 21 horas, e no domingo, às 19 horas.

A longevidade de A Descoberta das Américas é favorecida pela estrutura tímida, que exige o mínimo de cenário e apenas um técnico, além do ator preparado para segurar o monólogo sem sair de cena uma única vez.

O figurino é simples, um calça e uma camiseta surradas. Nem por isso, a montagem deixa de ser repleta de imagens, construídas na interação entre Júlio Adrião, com toda sua gama de recursos vocais e corporais, e o público.

Da vela do navio à água-viva, os elementos da narrativa parecem se materializar do nada. E a história da colonização da América é contada, com o malandro que havia partido rumo ao novo continente por acaso, aqui chegando e tornando-se aliado dos indígenas na resistência contra os europeus.

Os benefícios do tempo sobre A Descoberta das Américas se revelaram para Adrião quando ele reviu um vídeo gravado no Rio de Janeiro, em 2006.

"Percebi os cortes que fomos fazendo, excessos tirados. De vez em quando, chego à conclusão de que uma cena pode ser diferente. Principalmente, descobri ao longo desses anos as pausas. O espetáculo tem um ritmo muito intenso e precisa de pausas muito intensas também. É um trabalho com comicidade, mas que não se limita a isso. As pessoas riem muito, mas elas também não riem muito. É uma história trágica, contada de uma maneira tragicômica."

Engana-se quem imagina que, depois de 40 meses fazendo o mesmo papel – o máximo de intervalo foi um mês de férias –, Júlio Adrião planeje encerrar a carreira da peça. "Por mim, faria ela até morrer." A agenda de 2009 já está praticamente fechada.

Os planos contemplam a circulação nacional em temporadas populares e a ida aos países de língua portuguesa. "Temos bons contatos em Angola, Moçambique e Portugal", revela o ator, que, nas brechas, começa a amadurecer as idéias para uma próxima montagem, com texto de algum autor brasileiro.

"Não necessariamente um solo. Queria fugir do esperado, não correr o risco de ficar estigmatizado como um ator que faz solos. Gosto da comicidade, mas também gosto da poesia, da filosofia. Talvez algum conto", cogita.

Serviço

A Descoberta das Américas. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Texto de Dario Fo. Direção de Alessandro Vannucci. Com Julio Adrião. Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h. R$ 10 e R$ 5 (clientes, idosos e estudantes). Classificação indicativa: livre. Até 11 de janeiro.

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