Fundada há exatos 160 anos, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) enfrenta o desafio de se modernizar para continuar relevante.
No prédio da BPP inaugurado em 1954 – e que nesta terça (7) inaugura parte da reforma iniciada em 2011 com programação especial de aniversário (leia mais abaixo) – boa parte de área de 8,5 mil m² no centro de Curitiba é tomada por mais de 700 mil itens de material impresso.
Livros de literatura, leis, registros científicos, jornalísticos e de pesquisa. Uma verdadeira catedral da “era Gutenberg”, alemão que popularizou a imprensa e mudou o mundo há 500 anos.
Porém, como todas as grandes bibliotecas do século 20, a BPP sofre o assédio da “era Zuckerberg”, o americano que criou o onipresente Facebook, e precisa se reinventar sob pena de se tornar pouco importante para a sociedade que a mantém.
“São duas eras que precisam e devem conviver em harmonia. Uma biblioteca tem o dever de preservar a memória, mas também há uma preocupação constante em colocar o acervo e a instituição cada vez mais no terreno digital, pois o nosso público busca isso e precisa ser atendido”, afirma o diretor da BPP, Rogério Pereira.
Digitalização
Este processo de modernização da BPP, explica Pereira, começou em 2011. O mais novo passo será a digitalização de todo o acervo de periódicos paranaenses, que será financiado com recursos da Lei Rouanet (R$ 427 mil). Além disso, a consulta e retirada de livros é totalmente digitalizada e todo o ambiente conta com rede wi-fi.
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Mais de 700 mil itens no acervo.
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fachada do pre´io construído em 1954.
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Novo hall da BPP terá um café para os usuários.
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Mais de 1,3 mil livros em média são retirados todos os dias na BPP.
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Liivros que são cobrados em vestibulares são os mais procurados.
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Espaço para crianças na BPP.
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Um dos corredores da BPP.
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Acervo de periódicos será digitalizado.
Conforto
Outra iniciativa é a conclusão da reforma do prédio, que será entregue oficialmente até o final do mês.
Mas quem visitar a BPP no dia de seu aniversário já verá a “cara nova” do lugar, com novos móveis no hall de entrada do térreo e segundo andar, o novo auditório projetado pelo arquiteto Manoel Coelho, os banheiros reformados e o café, no térreo, cujo funcionamento só acontecerá no segundo semestre. A direção da BPP estuda a melhor forma de gerenciar a atividade.
Uma biblioteca estagnada é fadada a desaparecer ou perder relevância. A BPP quer ser um centro cultural. “A gente quer que as pessoas se sintam confortáveis. Sentem, leia, permaneçam, se encontrem”, diz Rogério.
Ratos de bilblioteca
Depoimentos de quem não vive sem a Biblioteca Pública do Paraná:
Posso dizer que ‘morei’ lá um tempo, no fim da adolescência. Comecei a ir com meu pai. Gostava de ler reportagens antigas de revistas como ‘Realidade’. Daí pra cair na sala de literatura foi rápido. Descobri George Orwell e Thomas Mann. Eu tinha uma namoradinha que um dia ela foi na igreja. Falei pra ela: também vou. Ela entrou na catedral e eu na BPP.
Li muita coisa boa naquelas mesas, às vezes em partes, outras de uma sentada só, de manhã até a hora de fechar, só saindo pra comer um pastel no japonês que ficava ali na frente. Ler na Biblioteca é mágico, parece que a absorção e o impacto são maiores. A BPP é mais do que um lugar que guarda e empresta livros. É um mundo à parte, um oásis na correria da cidade.
Frequento a BPP minha vida inteira. Comecei indo atrás dos romancistas russos: Dostoiévski, Tolstoi, Turgueniev e Gorki. Tinha tudo lá. Da última vez, fui procurar as revistas ilustradas do século 19 e tinha bom material de Antonina, Paranaguá e Curitiba. Quem quer pesquisar história do Paraná precisa obrigatoriamente passar por lá.
A Biblioteca Pública é um lugar ótimo para estudar. O silêncio respeitoso é perfeito para que a gente consiga se concentrar, algo tão difícil nos dias atuais. Quem precisa estudar para vestibular, faculdade ou algum concurso deveria pensar em ir estudar na BPP. Eu passei no vestibular estudando lá. Tem uma energia especial, inspiradora.
