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O coreógrafo Rodrigo Pederneiras está sentado na plateia do Teatro Alfa, em São Paulo, de onde supervisiona os alongamentos e passos dos bailarinos do Grupo Corpo ao som do cubano Ernesto Lecuona. A todo momento, confere com o filho, Gabriel, a operação de som, luz e os detalhes técnicos de mais uma apresentação em São Paulo, onde eles dançam "Ímã" e "Lecuona", peças da turnê comemorativa dos 35 anos do grupo, que chega ao Teatro Municipal do Rio no dia 9 de setembro.

Gabriel, 29 anos, coordenador técnico do espetáculo, circula com desenvoltura por poltronas, coxia, sala de iluminação, entre os bailarinos. Rodrigo e o irmão Paulo, diretor artístico do Grupo Corpo, falam dele o tempo todo. E não é à toa.

Aquela que é considerada a maior e mais influente companhia de dança do Brasil faz 35 anos em 2010 de olho num projeto de vida longa que começa em 2011, com a construção de uma nova sede de R$ 16 milhões em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, e continua com a atração paulatina de Gabriel e sua mulher, a bailarina Cassilene Abranches, de 35 anos, para o centro de decisões artísticas e técnicas do Corpo.

Wisnik cria a próxima trilha

O coração e o cérebro do Corpo - Rodrigo e Paulo Pederneiras, respectivamente - são os cirurgiões dessa mudança discreta. Se tudo começou em família, quando Paulo fundou o grupo na casa dos pais, com os irmãos, assim deve continuar. Gabriel já é o braço-direito de Paulo. Seguindo os passos do tio, ele assinou, em 2009, o cenário e a iluminação de "Contracapa", para o Ballet Jovem Palácio das Artes. Cassilene foi sua companheira na empreitada, criando a coreografia do espetáculo. O talento da bailarina chamou a atenção de todos, principalmente do sogro, Rodrigo Pederneiras.

"Foi um barato o primeiro trabalho dela. É evidente que está começando, mas vejo que o caminho que ela trilha é muito legal", diz o coreógrafo.

"Em todas as apresentações do Corpo, opero a luz com o Gabriel do lado. Ele é muito melhor do que eu", elogia Paulo.

Rodrigo lembra que os bailarinos do Corpo que se tornaram coreógrafos buscam se distanciar da estética que virou marca do grupo - "Um movimento de pélvis bem brasileiro", conceitua Rodrigo -, daí a dificuldade de se vislumbrar sucessores. Até Cassilene o surpreender.

"Ela não tem esse grilo", diz o criador da identidade do grupo, a partir da observação de danças populares brasileiras. "Por isso essa ênfase na pélvis, no movimento que nasce dos quadris", acrescentou

A nova sede do grupo começa a ser erguida em 2011. O projeto de seis mil metros de área construída, com quatro prédios, será executado em duas etapas, a primeira com orçamento de R$ 16 milhões. Paulo Pederneiras diz que lá a política de portas abertas do grupo será levada ao extremo. Sem salas ou baias.

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