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Simone Martins se junta à companhia pela primeira vez, no papel de uma cientista punida por experimentações antiéticas | Fotos: Divulgação/Vigor Mortis
Simone Martins se junta à companhia pela primeira vez, no papel de uma cientista punida por experimentações antiéticas| Foto: Fotos: Divulgação/Vigor Mortis

"Vamos começar pelo cérebro", pensou o diretor Paulo Biscaia, como bom discípulo do entretenimento de horror praticado no Teatro do Grand Guignol. Procurava por uma estrutura da anatomia humana que abrisse precedentes para criar sua fábula científica ambientada em um laboratório clandestino. E a intervenção cirúrgica no órgão do sistema nervoso condizia perfeitamente com a tradição do gênero que é fonte de inspiração da companhia Vigor Mortis.

Atendendo às premissas do estilo sanguinário que remonta à Paris do fim do século 19, e viria a influenciar o cinema expressionista alemão e o de horror britânico e americano, Biscaia escreveu sua trama sanguinária. A situação é escabrosa: uma escritora amoral manipula uma cientista fracassada a cortar a caixa craniana de uma garota, que não faz a menor ideia de onde se meteu, para testar o chip Melpomene. Batizado com o nome da musa grega da tragédia, trata-se de um indutor de dopamina que provoca surtos de criatividade.

A peça Nervo Craniano Zero estreia hoje no Teatro da Caixa, marcando a volta do grupo curitibano "ao Guignol de raiz". Biscaia repete a parceria antiga com Rafaella Marques, atriz presente nas duas montagens mais bem-sucedidas da companhia, Morgue Story e Graphic. Ela agora interpreta a menina abobalhada cuja aspiração é se tornar cantora. Caloura de um programa musical, dá o gancho para a entrada das projeções pré-gravadas que costumam contracenar com atores de carne e osso nas obras do diretor.

O papel da escritora foi entregue a Michelle Pucci, que se juntou ao grupo no ano passado, na peça Hitchcock Blonde. "A primeira coisa no processo de ensaio foi quebrar com tudo o que elas já fizeram comigo antes e buscar outro registro, que beira o caricatural, mas não é", diz Biscaia. "Brinco muito com as possibilidades do melodrama".

O diretor pediu a Michelle que tornasse sua personagem "grandiosa" em cena. A atriz, de constituição longilínea, literalmente subiu no salto alto, alcançando uma estatura imponente próxima dos dois metros de altura. Surge gigantesca (e ameaçadora) diante das "mignon" Rafaella e Simone Martins. Esta última, veio de São Paulo, onde atuou com Gerald Thomas e Antunes Filho, depois de passar por um teste. Faz sua estreia sob as orientações do diretor curitibano.

Filme

Enquanto apresenta Nervo Craniano Zero e planeja outros espetáculos que ainda subirão aos palcos este ano, como Manson Superstar (sobre Charles Manson, condenado à prisão perpétua por assassinatos nos anos 1960), a Vigor Mortis continua a promover o longa-metragem Morgue Story em festivais nacionais e internacionais. O filme, pouco visto em Curitiba, terá nova chance diante do público local provavelmente no mês de outubro, com sessões tarde da noite, em pleno Halloween.

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Serviço

Nervo Craniano Zero. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Texto e direção de Paulo Biscaia Filho. Com a Cia. Vigor Mortis. Dias 16, 17 e 18 às 21 horas e dia 19 às 19 horas. R$ 20 e R$ 10.

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